São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Premiê nega ter sido subornado por empresário

Sharon depõe sobre escândalo de corrupção que ameaça derrubá-lo

ERIC SILVER
DO "INDEPENDENT", EM JERUSALÉM

Menos de uma semana depois de o premiê de Israel, Ariel Sharon, ter colocado em risco a sua coalizão ao anunciar um plano para a remoção de assentamentos na faixa de Gaza, os israelenses estão se perguntando se a Justiça permitirá que ele permaneça no cargo para levar adiante o projeto.
Ontem Sharon foi questionado por mais de duas horas sobre um escândalo de corrupção que pode forçá-lo a deixar o cargo.
Sharon negou envolvimento com o caso e acrescentou que não tinha conhecimento dos negócios de seu filho Gilad com o empreendedor imobiliário David Appel.
O empresário foi indiciado, no mês passado, sob a acusação de ter subornado Sharon, seu filho Gilad e o vice-premiê, Ehud Olmert, no final dos anos 90.
Na época, Sharon era chanceler, e Appel queria o seu apoio em empreendimentos imobiliários em uma ilha grega e em Jerusalém -Olmert era o prefeito da cidade.
Gilad foi contratado para prestar consultoria, recebendo US$ 590 mil, apesar de não ter experiência. Outros US$ 100 mil foram destinados ao rancho de Sharon.
A dúvida é se Sharon sabia que estava sendo subornado e não apenas ajudando um amigo. A expectativa é de que a decisão sobre o indiciamento ou não de Sharon seja divulgada em dois meses.
Críticos de Sharon o acusam de ter lançado o plano de Gaza apenas para desviar a atenção da investigação sobre o seu envolvimento com a corrupção.
Ben Caspit comentou, no diário israelense "Maariv", que o premiê está tentando retirar as investigações sobre ele da mídia.
Já David Kimche, ex-diretor-geral da Chancelaria, afirmou que Sharon "está sacrificando a faixa de Gaza para poder preservar o máximo possível da Cisjordânia nas mãos israelenses", e não para ofuscar as investigações sobre ele.
A maioria dos israelenses, segundo pesquisas, apóia a remoção dos assentamentos da Cisjordânia. Mais da metade diz acreditar que Sharon esteja envolvido com corrupção.
Jibril Rajoub, assessor de segurança nacional da Autoridade Nacional Palestina, afirmou: "Espero que Sharon não nos esteja enganando. A questão é se tal iniciativa [remoção das colônias] é o fim do processo ou se é o começo do fim da ocupação e dos assentamentos, até mesmo na Cisjordânia".


Com agências internacionais


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