|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NUCLEAR
Iniciativa foi em reação ao envio do país ao Conselho de Segurança; Irã diz, porém, que negociações continuam
Teerã interrompe cooperação com AIEA
DA REDAÇÃO
O Irã interrompeu ontem a política de cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica, vetando o acesso de seus
inspetores às instalações nucleares do país e retomando o programa de enriquecimento de urânio.
A iniciativa foi em retaliação à
decisão do órgão anteontem de
reportar o país ao Conselho de Segurança da ONU para a adoção de
eventuais sanções, anunciou ontem o chanceler iraniano, Manuchehr Mottaki. Teerã disse estar,
porém, aberto a negociações.
"Pusemos um fim em toda a
cooperação voluntária que estivemos mantendo com a AIEA nos
últimos dois anos e meio, três
anos, com base em uma ordem do
presidente [Mahmoud Ahmadinejad]", disse Mottaki.
"Não temos mais nenhuma
obrigação com relação ao Protocolo Adicional [ao Tratado de
Não-Proliferação, que dá aos inspetores acesso às instalações nucleares]."
"A adoção de uma política de
resistência não significa que interrompemos as conversas ou não
cooperamos", disse Mottaki.
"Ontem [anteontem] tínhamos
duas opções: resistência ou rendição. Escolhemos a resistência."
Anteontem, 27 dos 35 países do
Conselho de Governadores da
AIEA, inclusive o Brasil, aprovaram resolução segundo a qual o
Irã deve ser levado ao CS devido à
"falta de confiança de que o programa nuclear iraniano seja exclusivamente para fins pacíficos".
A resolução, preparada pela
União Européia e apoiada pelos
EUA, exige que o Irã volte a congelar as atividades nucleares e dê à
AIEA mais poder de inspeção.
A adoção ou não de sanções
econômicas ou políticas contra o
Irã deve ser decidida em reunião
em março.
"Não tememos o Conselho de
Segurança. Não é o fim do mundo", disse o porta-voz da Chancelaria, Hamid Reza Asefi. "A porta
para negociações ainda está aberta", acrescentou.
Asefi afirmou que será objeto de
discussão proposta feita por Moscou de que as atividade de enriquecimento de urânio sejam realizadas em território russo, como
meio de dissipar as suspeitas da
comunidade internacional sobre
as ambições nucleares iranianas.
"A situação mudou. Ainda assim, vamos ter conversas com a
Rússia em 16 de fevereiro", disse
Asefi. "A proposta tem de se adequar às novas circunstâncias. Se a
proposta russa foi compatível
com as novas condições, pode ser
negociada."
Enquanto isso, o presidente
Mahmoud Ahmadinejad manteve a atitude de desafio. "Vocês [o
Ocidente] não podem fazer nada.
A era da coerção e da dominação
terminou", disse Ahmadinejad,
segundo a agência de notícias estatal. "Vocês não podem impedir
o progresso da nação iraniana."
Ação militar
O secretário da Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, disse que todas
as possibilidades, inclusive a de
uma ação militar, estão abertas
em relação ao Irã, em entrevista
publicada pelo diário alemão
"Hadelsblatt".
"Todas as opções, incluindo a
militar, estão sobre a mesa", disse
Rumsfeld. "Qualquer governo
que diga que Israel não tem direito de existir está fazendo uma declaração sobre seu possível comportamento no futuro."
Por sua vez, o premiê interino
de Israel, Ehud Olmert, disse que
o Irã "pagará um alto preço" caso
retome o enriquecimento de urânio em larga escala.
Já o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Wlater Steinmeier, pediu que o Irã
evite "reações apressadas".
Com agências internacionais
Texto Anterior: Tragédia: Menino é resgatado após mais de 20 horas no mar Próximo Texto: Feminismo: Morre Betty Friedan, pioneira na luta pelos direitos das mulheres Índice
|