São Paulo, segunda-feira, 06 de fevereiro de 2006

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NUCLEAR

Iniciativa foi em reação ao envio do país ao Conselho de Segurança; Irã diz, porém, que negociações continuam

Teerã interrompe cooperação com AIEA

DA REDAÇÃO

O Irã interrompeu ontem a política de cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica, vetando o acesso de seus inspetores às instalações nucleares do país e retomando o programa de enriquecimento de urânio.
A iniciativa foi em retaliação à decisão do órgão anteontem de reportar o país ao Conselho de Segurança da ONU para a adoção de eventuais sanções, anunciou ontem o chanceler iraniano, Manuchehr Mottaki. Teerã disse estar, porém, aberto a negociações.
"Pusemos um fim em toda a cooperação voluntária que estivemos mantendo com a AIEA nos últimos dois anos e meio, três anos, com base em uma ordem do presidente [Mahmoud Ahmadinejad]", disse Mottaki.
"Não temos mais nenhuma obrigação com relação ao Protocolo Adicional [ao Tratado de Não-Proliferação, que dá aos inspetores acesso às instalações nucleares]."
"A adoção de uma política de resistência não significa que interrompemos as conversas ou não cooperamos", disse Mottaki. "Ontem [anteontem] tínhamos duas opções: resistência ou rendição. Escolhemos a resistência."
Anteontem, 27 dos 35 países do Conselho de Governadores da AIEA, inclusive o Brasil, aprovaram resolução segundo a qual o Irã deve ser levado ao CS devido à "falta de confiança de que o programa nuclear iraniano seja exclusivamente para fins pacíficos".
A resolução, preparada pela União Européia e apoiada pelos EUA, exige que o Irã volte a congelar as atividades nucleares e dê à AIEA mais poder de inspeção.
A adoção ou não de sanções econômicas ou políticas contra o Irã deve ser decidida em reunião em março.
"Não tememos o Conselho de Segurança. Não é o fim do mundo", disse o porta-voz da Chancelaria, Hamid Reza Asefi. "A porta para negociações ainda está aberta", acrescentou.
Asefi afirmou que será objeto de discussão proposta feita por Moscou de que as atividade de enriquecimento de urânio sejam realizadas em território russo, como meio de dissipar as suspeitas da comunidade internacional sobre as ambições nucleares iranianas.
"A situação mudou. Ainda assim, vamos ter conversas com a Rússia em 16 de fevereiro", disse Asefi. "A proposta tem de se adequar às novas circunstâncias. Se a proposta russa foi compatível com as novas condições, pode ser negociada."
Enquanto isso, o presidente Mahmoud Ahmadinejad manteve a atitude de desafio. "Vocês [o Ocidente] não podem fazer nada. A era da coerção e da dominação terminou", disse Ahmadinejad, segundo a agência de notícias estatal. "Vocês não podem impedir o progresso da nação iraniana."

Ação militar
O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse que todas as possibilidades, inclusive a de uma ação militar, estão abertas em relação ao Irã, em entrevista publicada pelo diário alemão "Hadelsblatt".
"Todas as opções, incluindo a militar, estão sobre a mesa", disse Rumsfeld. "Qualquer governo que diga que Israel não tem direito de existir está fazendo uma declaração sobre seu possível comportamento no futuro."
Por sua vez, o premiê interino de Israel, Ehud Olmert, disse que o Irã "pagará um alto preço" caso retome o enriquecimento de urânio em larga escala.
Já o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Wlater Steinmeier, pediu que o Irã evite "reações apressadas".


Com agências internacionais

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