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Na origem, republicanos eram esquerda
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Um republicano genuíno se opõe ao aborto, mas
adora fritar um criminoso
na cadeira elétrica, tem urticária só de ouvir o termo
"casamento gay" e acredita que o governo federal,
sempre a um passo de associar-se com o demônio,
deve ser tão enxuto quanto possível, limitando-se a
lançar ataques preventivos contra países do Eixo
do Mal. Como caricatura, a
descrição acima passa.
O Partido Republicano,
ou GOP (Grand Old
Party), como foi apelidado, encarna hoje os valores
da população mais conservadora dos EUA. Mas nem
sempre foi assim. De meados do século 19, quando
foi criado, até os anos 30,
eram os republicanos que
defendiam bandeiras progressistas, enquanto os democratas representavam
as ideias tradicionalistas.
O GOP surgiu como partido abolicionista, numa
época em que os democratas sustentavam que cabia
a cada Estado decidir sobre a escravidão. O primeiro candidato à Presidência
que emplacou foi ninguém
menos que Abraham Lincoln (1861-65).
Os republicanos também saíram à frente na defesa do voto feminino e na
distribuição de terras públicas. O primeiro flerte da
sigla com o conservadorismo veio no início do século
passado, quando apoiou a
Lei Seca (1924-40).
A situação se inverteu
com o presidente democrata Franklin Delano
Roosevelt e o "New Deal",
os programas econômicos
e sociais criados para tirar
os EUA da crise dos anos
30. Ali, atraiu para seu partido operários ligados a
sindicatos, negros e representantes de outras minorias que levaram a uma
reestruturação ideológica
da agremiação, que abraçou teses progressistas.
Os republicanos, para
sobreviver, foram caminhando cada vez mais para
a direita, num movimento
que se consolidou com a
ascensão de Ronald Reagan nos anos 80.
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