São Paulo, domingo, 06 de fevereiro de 2011

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Negociação de transição cresce no Egito

Segundo o "New York Times", vice de Mubarak mantém reuniões com militares para discutir saída de ditador

Cairo vive 12º dia de protestos, desta vez pacíficos; diretor da rede Al Jazeera na capital egípcia é detido

Manoocher Deghati/Associated Press
Manifestantes se reúnem na praçaTahrir, no Cairo, pelo 12º dia; região recebeu ontem novas medidas de proteção

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

No 12º dia consecutivo de protestos contra seu regime, o ditador egípcio, Hosni Mubarak, se reuniu ontem com seus ministros para discutir o impasse político no país.
Paralelamente, de acordo com o "New York Times", membros da elite política do país e das Forças Armadas também estão em intensas reuniões para buscar maneiras de iniciar uma transição, sem Mubarak no poder.
Segundo o jornal, citando fontes egípcias e americanas, o vice-presidente Omar Suleiman e as lideranças militares discutiam medidas para limitar a autoridade de Mubarak e possivelmente retirá-lo do palácio presidencial no Cairo sem imediatamente derrubá-lo do poder.
Um governo de transição chefiado por Suleiman começaria então a negociação com figuras da oposição para que hajam mudanças constitucionais e comece um processo de "mudança democrática", diz o "New York Times".
Anteontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, havia dito que negocia a transição de governo no Egito.
Na última terça, Mubarak havia prometido aos manifestantes que não concorreria a uma nova reeleição e que anteciparia o pleito.
Em entrevista à revista alemã "Der Spiegel", o oposicionista egípcio Mohamed ElBaradei defendeu as conversas com o Exército para a formação do governo de transição.
"O que mais desejo é falar o quanto antes com os militares sobre como lograr uma transição sem derramamento de sangue", afirmou o Nobel da Paz.
Na reunião de ontem com os ministros, Mubarak discutiu maneiras de reativar a economia do país, praticamente paralisada desde que os protestos começaram. Uma das medidas seria a reabertura dos bancos.
Analistas estimam em pelo menos US$ 310 milhões por dia os prejuízos econômicos no país com a crise.
Ontem, os protestos reuniram novamente milhares de pessoas na praça Tahrir, no centro do Cairo, porém pacificamente.
Soldados incrementaram a segurança no local, forçando os manifestantes a entrarem por uma fila indiana. Eles também restringiram área permitida para os manifestantes.
Em um sinal de que a situação ainda é tensa, a rede Al Jazeera informou que o chefe de seu escritório no Cairo, Abdel Fattah Fayed, e mais um de seus jornalistas, foram detidos pelas forças de segurança egípcias.
A detenção ocorre um dia depois de o escritório do canal ter sido incendiado por forças pró-Mubarak.

GASODUTO
Ainda ontem, um suposto ato de sabotagem resultou na explosão de um gasoduto na região do norte do Sinai.
Não está clara a ligação entre o incidente e os protestos antigoverno dos últimos dias. Parte do suprimento de petróleo para Jordânia e para Israel foi cortado.


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