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Lula sugere a Blair
cúpula sobre Iraque
DO COLUNISTA DA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva sugeriu ontem ao primeiro-ministro britânico, Tony Blair,
uma cúpula internacional para
discutir a situação no Iraque.
Blair se comprometeu a "pensar" no assunto, durante telefonema de meia hora entre as duas autoridades, por iniciativa do brasileiro, na tarde de ontem.
Na conversa, Lula defendeu
uma tese muito próxima à dos
países desenvolvidos que se
opõem à guerra, como França e
Alemanha, no sentido de que deve haver um prazo para que se determine se o Iraque foi ou não desarmado.
É óbvio que só o Conselho de
Segurança da ONU teria o poder
para determinar se o Iraque cumpriu ou não as resoluções da ONU
sobre seu desarmamento. Mas
Lula também chamou a atenção
de Blair, o mais próximo aliado
dos Estados Unidos, sobre a necessidade de respeitar as decisões
das Nações Unidas, uma maneira
diplomática de dizer que a guerra
não pode passar por cima do
Conselho de Segurança.
"Se a resolução da ONU não for
cumprida, ninguém mais se sentirá obrigado a fazê-lo", disse Lula,
em frase que serve tanto para o
Iraque como para os EUA, no caso de Washington decidir unilateralmente atacar o Iraque.
Impacto econômico
Na conversa, com tradutor e solicitada na semana passada, o presidente explicou o choque econômico negativo que o Brasil sofreria em caso de guerra, por meio da
alta do dólar e do petróleo.
Mas Lula evitou fazer um apelo
pela paz, para não dar a impressão de que trata os dois lados da
mesma forma.
"O presidente Lula está empenhado em conversar, mas não é
questão de fazer um apelo porque
um apelo dá a impressão que nós
estamos achando que um lado é
belicoso e que o Iraque fez tudo
direitinho. Não é bem isso", disse
o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), que acompanhou a conversa.
Lula já conversou com o presidente da França, Jacques Chirac, e
com o premiê da Alemanha, Gerhard Schröder, que lideram um
bloco contra a guerra.
"O presidente Lula acentuou as
preocupações de ordem política,
humanitária e econômica do Brasil. Evidentemente, uma deterioração do clima econômico mundial, que de certa maneira já ocorre, impacta o Brasil e dificulta o esforço de recuperação que está
sendo feito internamente com
participação e sacrifícios de todos", disse Amorim.
(CLÓVIS ROSSI E LEILA SUWWAN)
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