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São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Primeiro ataque suicida em dois meses, ainda não reivindicado, destrói ônibus em Haifa; Sharon promete retaliar

Atentado palestino mata 15 em Israel

Nir Elias/Reuters
Equipe da polícia examina o ônibus que foi alvo de atentado suicida no qual 15 pessoas foram mortas, em Haifa, norte de Israel


DA REDAÇÃO

Um terrorista suicida palestino se explodiu dentro de um ônibus em Haifa, no norte de Israel, matando 15 pessoas e ferindo mais de 40 -muitas delas em estado grave. O atentado encerrou um período de dois meses sem ações terroristas contra israelenses.
Essa foi também a primeira ação terrorista desde que o premiê israelense, Ariel Sharon, venceu as eleições parlamentares em janeiro deste ano.
Nenhum grupo extremista palestino assumiu a autoria do atentado, mas autoridades de segurança afirmam que o terrorista seria membro do Hamas e teria vindo de Hebron (Cisjordânia). O ataque foi duramente condenado pelos governos de Israel, EUA e Reino Unido e pela ONU. A ANP (Autoridade Nacional Palestina) também criticou o ataque.
No início da madrugada, mísseis israelenses foram lançados contra o campo de refugiados de Jabalya (faixa de Gaza), matando duas pessoas. Cinquenta tanques entraram no campo.
No entanto não estava claro se a incursão seria uma resposta ao atentado. O gabinete de Sharon estava reunido e autoridades afirmaram que a retaliação israelense deve ser contida para não prejudicar os esforços dos EUA em um possível ataque ao Iraque.
O atentado acontece em uma semana de uma escalada militar israelense nos territórios palestinos. Quase duas dezenas de palestinos foram mortos, sendo dez civis, nos últimos dias e membros do Hamas foram detidos.
A explosão do ônibus foi uma das mais fortes já registradas em atentados em Israel. Topos de palmeiras foram destruídos. Janelas até do terceiro piso de prédios vizinhos foram atingidas. Houve danos em carros que estavam a cerca de 30 metros do local.
Técnicos israelenses afirmaram que a bomba possuía cerca de 60 kg de explosivos. Havia pedaços de metal dentro do artefato para torná-lo ainda mais letal.
"Estava dirigindo quando de repente escutei a explosão. Tentei me mover para ver se havia vítimas. Não consegui escutar nada por causa da força [da explosão]", disse o motorista do ônibus.
A explosão aconteceu no Boulevard Moriah, que liga a área universitária da cidade à região hoteleira. Acredita-se que muitas das vítimas que estavam no ônibus fossem estudantes. Também havia muitos árabes-israelenses. Haifa é conhecida pela coexistência entre árabes e israelenses.
Ao todo já aconteceram 87 atentados suicidas em Israel desde a eclosão da Intifada (o levante palestino contra a ocupação israelense), em setembro de 2000.
Na faixa de Gaza, muitos palestinos comemoraram o atentado. "Já estava na hora. Eles [os israelenses" estavam nos matando e tínhamos de responder", disse um vendedor de sorvetes palestino que preferiu não dizer o nome.
O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou por meio de seu porta-voz, Ari Fleischer, que condenava o atentado. "O presidente condena nos mais duros termos o atentado de hoje [ontem] contra inocentes israelenses".
"A mensagem para os terroristas é que seus esforços não terão sucesso. Continuaremos em busca do caminho da paz no Oriente Médio", acrescentou Fleischer.
Saeb Erekat, principal negociador palestino, disse que a ANP condenava o atentado e disse ser contra ataques a civis palestinos e israelenses. E rejeitou a afirmação israelense de que a ANP é culpada pela violência. Ao menos 1.891 palestinos e 706 israelenses morreram desde o início da Intifada.

Com agências internacionais


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