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Nova Intifada triplica pobreza entre palestinos
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
O número de palestinos pobres
triplicou desde o início da nova
Intifada, a revolta contra a ocupação israelense, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Mundial. Em setembro de 2000, quando começou a revolta, os palestinos pobres eram 21% da população total, porcentagem que saltou
para 60% em dezembro de 2002.
Em números absolutos, e levando em conta o crescimento populacional, o Banco Mundial calcula
que os pobres sejam algo menos
que 2 milhões, quando eram 637
mil ao se iniciar a nova Intifada.
A devastação econômica e social causada principalmente pelos
contínuos bloqueios impostos
por Israel aos territórios palestinos tem outros números igualmente terríveis, a saber:
1 - a renda nacional dos territórios caiu 40% nesses pouco mais
de dois anos de crise. Já a renda
per capita caiu 50% (a população
cresce à razão de 4,35% ao ano);
2 - em dólares, a Palestina perdeu US$ 5,4 bilhões depois de 27
meses de Intifada. Como essa cifra corresponde ao PIB palestino,
tem-se que a crise comeu um ano
inteiro da produção econômica;
3 - o desemprego afeta 42% da
força de trabalho, mas chega a
53% se forem incluídos nos cálculos os que já nem sequer estão
procurando trabalho.
4 - A receita mensal da ANP
(Autoridade Nacional Palestina)
caiu de cerca de US$ 91 milhões,
no final do ano 2000, para US$ 19
milhões em meados de 2002;
5 - o consumo per capita de comida caiu 30% desde setembro de
2000.
Pesquisa recente mostrou que
13,3% da população de Gaza (a
porção do território palestino de
maior número de habitantes) sofre de "aguda desnutrição".
Em Gaza, aliás, a taxa de pobreza é ainda mais elevada do que no
conjunto dos territórios, afetando
75% da população (o Banco Mundial sempre aponta como pobre
quem ganha até US$ 2 por dia).
Ao analisar as perspectivas para
o futuro, o relatório aponta o dedo claramente para Israel como
principal responsável pelos problemas e, por extensão, por eventuais soluções.
Diz o texto: "As ações do governo de Israel são de muito maior
influência do que as políticas econômicas da ANP ou as atividades
dos países doadores. O legítimo
direito de Israel de defender seus
cidadãos de ataques é inquestionável. O desafio é encontrar formas de fazê-lo sem destruir a economia palestina e o meio de vida
dos palestinos comuns".
O modelo atual só tende a fazer
aumentar os candidatos a praticar
atos terroristas, a julgar pela análise do Banco Mundial.
O documento mostra que os
adolescentes são "particularmente vulneráveis" (à crise). "Com
idade para entender as dificuldades econômicas de suas famílias,
mas geralmente jovens demais e
inexperientes para serem capazes
de ajudar muito, eles são particularmente suscetíveis aos traumas
e ao sentimento de impotência e
raiva", diz o relatório.
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