São Paulo, sábado, 06 de março de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Presidente republicano tem grande vantagem sobre rival democrata no que se refere à arrecadação de fundos

Bush tem US$ 102 milhões a mais que Kerry

CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

Na corrida pela Casa Branca, George W. Bush saiu na frente. Dados da Comissão Federal Eleitoral mostram que a campanha pela reeleição do presidente tem US$ 104 milhões em caixa. O seu provável adversário, o pré-candidato democrata Jonh Kerry, conta com US$ 2 milhões.
Mas, apesar de serem concorrentes, Bush e Kerry têm doadores em comum. No entanto boa parte dos principais apoiadores financeiros de Kerry contribuiu com mais dinheiro para a campanha de Bush.
No total, 9 dos 20 mais importantes financiadores de Kerry privilegiaram Bush em detrimento do democrata.
Os dados foram compilados pelo Center for Responsive Politics, organização apartidária localizada em Washington.
O terceiro maior doador para o democrata, o Citigroup, doou aproximadamente US$ 79 mil. O vice-presidente do grupo, Louis Susman, está entre os mais importantes arrecadadores de fundos para a campanha do senador de Massachusetts.
O gigantesco grupo financeiro, porém, desembolsou US$ 187 mil para o esforço da reeleição do republicano.
O Goldman Sachs contribuiu com US$ 65 mil para Kerry, o que colocou o banco na sexta colocação do ranking de seus doadores. John Edwards e Howard Dean, fora da disputa, obtiveram do banco US$ 91,7 e US$ 24,5 mil, respectivamente.
Para Bush, o Goldman Sachs e seus funcionários ofertaram US$ 283 mil.
De acordo com o levantamento do centro, as cifras correspondem a um ano de arrecadação de fundos. O período estudado vai de 1º de janeiro de 2003 a 30 de janeiro de 2004.
No final de janeiro deste ano, a candidatura de Kerry ainda não contava com o prestígio político de hoje. Mesmo com a nomeação do democrata, o abismo financeiro entre os dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos deve permanecer. A previsão é de Steve Weiss, do Center for Responsive Politics. "Bush vai continuar a ter muito mais dinheiro que Kerry. A estratégia de Kerry é não deixar essa margem de vantagem de Bush crescer", avaliou.
O democrata lançou um plano ambicioso para arrecadar US$ 105 milhões para a sua campanha. Até maio, o objetivo é obter pelo menos US$ 15 milhões. Em breve, Kerry planeja visitar 20 cidades nos Estados Unidos para angariar fundos.
Mas retórica usada por Kerry de ser um candidato sem vínculos com as grandes corporações pode ser uma armadilha para os cofres da campanha.
"Esse tipo de discurso vai criar dificuldades para atrair grandes doações. Claro que haverá sempre aqueles que vão fazer contribuições para criar laços com Kerry, caso ele vença, e aqueles que doam por apoio à causa do democrata", disse Weiss.
Por enquanto, a pujança financeira de Bush prevalece. Impulsionada pelo caixa reforçado, a campanha com anúncios televisivos pela reeleição já foi lançada nesta semana.
Kerry ainda tem de investir as suas forças na batalha pela nomeação. O pré-candidato ainda precisa de mais 600 delegados para assegurar a indicação oficial.
No caso de Bush, dois terços dos principais doadores pertencem ao mundo corporativo ou financeiro. O maior doador de Bush é o banco Merril Lynch, com US$ 458 mil, ainda segundo o Center for Responsive Politics.
Já as bases de apoio financeiro do democrata são grandes escritórios de advocacia, que respondem por mais da metade das doações. O escritório Robins, Kaplan, Miller & Ciresi, por exemplo, doou US$ 92,000 para Kerry e apenas US$ 4,000 para Bush. O primeiro colocado na lista de Kerry, com quase US$ 106 mil, é o escritório Skadden, Arps et al.


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