São Paulo, sábado, 06 de março de 2004

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DIREITOS HUMANOS

Relatório da Anistia Internacional diz que 1 bilhão de mulheres já foram espancadas ou estupradas

20% das mulheres são alvo de estupro

DA REDAÇÃO

De cada cinco mulheres no mundo, uma será vítima ou sofrerá uma tentativa de estupro até o fim de sua vida. Com a apresentação de estatísticas como essa, a organização não-governamental Anistia Internacional lançou ontem, em Londres, uma campanha com o objetivo de combater a violência contra as mulheres.
"Não é algo que só acontece lá longe e com outras pessoas. Acontece aqui, com você, suas amigas e sua família. Não vai parar até que todos nós, homens e mulheres, digamos "não, não vou deixar isso acontecer'", afirmou Irene Khan, secretária-geral da Anistia Internacional.
De acordo com os dados compilados no relatório "Está em nossas Mãos. Basta à Violência contra a Mulher", 1 bilhão de mulheres, ou uma em cada três do planeta, já foram espancadas, forçadas a ter relações sexuais ou submetidas a algum outro tipo de abuso.
Com bastante freqüência, a violência é cometida por um amigo ou parente.
Um dos pontos que a organização de defesa dos direitos humanos quer destacar em sua campanha é que o problema não se restringe aos países mais atrasados. Nos Estados Unidos, uma mulher é agredida por seu marido ou parceiro a cada 15 segundos. Na França, 25 mil mulheres são estupradas por ano.
A ONG destaca ainda em seu documento que a quantidade de casos relatados é bem menor do que o número de incidentes que efetivamente acontece: "Atrás das portas, em segredo, as mulheres são submetidas à violência por seus parceiros e parentes. Envergonhadas e com medo de fazer denúncias, elas raramente são levadas a sério quando decidem ir adiante".
No relatório, a Anistia afirma que as mulheres sofrem principalmente durante as guerras: "Das soldadas crianças que são rotineiramente estupradas em suas próprias tropas e das mulheres e garotas civis que são mutiladas, estupradas e assassinadas como armas da guerra até o aumento da violência dentro das famílias quando os soldados voltam do front -os conflitos armados estão produzindo um impacto desesperador e devastador nas mulheres que vai muito além da inerente violência da guerra".

Hollywood
Presente no lançamento da campanha da Anistia Internacional, o ator inglês Patrick Stewart (conhecido principalmente por interpretar o capitão Jean-Luc Picard na série "Jornada nas Estrelas. A Nova Geração") acusou Hollywood de ser culpada por exibir cenas de violência contra as mulheres: "A indústria do entretenimento tem sido extremamente irresponsável por perpetuar e estereotipar as atitudes violentas de homens contra mulheres. É uma abordagem preguiçosa e sensacionalista".
Stewart foi particularmente duro em relação ao diretor norte-americano Quentin Tarantino e a seu filme "Kill Bill" (ainda inédito no Brasil). "Eu condeno enfaticamente filmes como "Kill Bill", que alegam dar poder às mulheres. Aparentemente, eles dão poder às mulheres para matar outras mulheres. Essa foi a mensagem que o filme me passou", disse o ator.


Com agências internacionais


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