São Paulo, terça-feira, 06 de março de 2007

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Venezuela indeniza duas petrolíferas estrangeiras

A francesa Total e a britânica BP entregam exploração de campo, mas ficam no país

Empresas mistas para exploração de petróleo terão 60%, no mínimo, de controle estatal, dentro de programa de nacionalização

Henry Tesara/France Presse
O presidente da Total, Christophe De Margerie (à esq.), conversa com o ministro Rafael Ramírez


DA REDAÇÃO

As companhias petrolíferas Total e British Petroleum assinaram acordo ontem com a estatal venezuelana PDVSA para formar uma empresa mista na qual o Estado venezuelano terá maioria acionária.
Ambas tiveram que abandonar o convênio para explorar petróleo no campo de Jusepín, no leste do país. O governo teve que pagar US$ 250 milhões para ressarcir os investimentos já feitos pelas duas empresas.
O acordo é parte da negociação das empresas estrangeiras diante dos projetos de nacionalização anunciados pelo presidente Hugo Chávez em janeiro. Chávez já estatizou a maior companhia de telefonia fixa e de internet do país, a Cantv, e a companhia de eletricidade da capital, Caracas.
Ele determinou que todos os projetos petrolíferos na bacia do rio Orinoco tenham controle estatal. As reservas serão declaradas de "utilidade pública e bem nacional" caso as multinacionais não cheguem a acordos pelas novas regras. A francesa Total e a britânica BP continuarão no país; a Total tinha 55% do negócio no campo de Jusepín, enquanto a BP tinha 45%.
Usando os superpoderes que recebeu do Congresso no mês passado, Chávez promulgou uma nova Lei de Hidrocarbonetos, que estabelece que o Estado deve possuir no mínimo 60% das ações de empresas que exploram o óleo cru no país.
O presidente mundial da Total, Christophe De Margerie, disse que se sente satisfeito com as negociações. "A situação mudou, mas continuamos com vontade de ficar no país por um bom tempo", disse.
O ministro da Energia, Rafael Ramírez, disse que o governo cumprirá a nova lei "tentando fazer o menor dano possível a nossos sócios, para que fiquem trabalhando conosco".
O ministro anunciou que a empresa americana Exxon-Mobil criou ontem uma comissão técnica com a PDVSA para estudar a entrega de suas operações na bacia do Orinoco.
A Exxon tem 41,7% do negócio, o mesmo percentual da PDVSA, e terá que entregar parte do controle acionário à estatal antes de 1º de maio. "Se não houver acordo, tomaremos o controle direto das operações", disse Ramírez.
Há outras quatro associações estratégicas no Orinoco que terão que ser renegociadas. As empresas com investimentos ali, além da Exxon-Mobil, da Total e da BP, são as americanas Conoco Phillips e Chevron, e a norueguesa Statoil.

Tensão com Bogotá
O governo colombiano convocou ontem o embaixador da Venezuela em Bogotá a dar explicações sobre sua "intromissão na política interna" do país.
O embaixador Pavel Rondón participou de evento organizado pela oposição de esquerda em que houve protestos contra o presidente colombiano, Álvaro Uribe. Rondón é o terceiro embaixador venezuelano na América do Sul a ser advertido nos últimos meses. Os governos do Chile e da Argentina também reclamaram de intromissão, e o embaixador no Chile foi removido.


Com agências internacionais


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