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Venezuela indeniza duas petrolíferas estrangeiras
A francesa Total e a britânica BP entregam exploração de campo, mas ficam no país
Empresas mistas para exploração de petróleo terão 60%, no mínimo, de controle estatal, dentro de programa de nacionalização
Henry Tesara/France Presse
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O presidente da Total, Christophe De Margerie (à esq.), conversa com o ministro Rafael Ramírez |
DA REDAÇÃO
As companhias petrolíferas
Total e British Petroleum assinaram acordo ontem com a estatal venezuelana PDVSA para
formar uma empresa mista na
qual o Estado venezuelano terá
maioria acionária.
Ambas tiveram que abandonar o convênio para explorar
petróleo no campo de Jusepín,
no leste do país. O governo teve
que pagar US$ 250 milhões para ressarcir os investimentos já
feitos pelas duas empresas.
O acordo é parte da negociação das empresas estrangeiras
diante dos projetos de nacionalização anunciados pelo presidente Hugo Chávez em janeiro.
Chávez já estatizou a maior
companhia de telefonia fixa e
de internet do país, a Cantv, e a
companhia de eletricidade da
capital, Caracas.
Ele determinou que todos os
projetos petrolíferos na bacia
do rio Orinoco tenham controle estatal. As reservas serão declaradas de "utilidade pública e
bem nacional" caso as multinacionais não cheguem a acordos
pelas novas regras. A francesa
Total e a britânica BP continuarão no país; a Total tinha 55%
do negócio no campo de Jusepín, enquanto a BP tinha 45%.
Usando os superpoderes que
recebeu do Congresso no mês
passado, Chávez promulgou
uma nova Lei de Hidrocarbonetos, que estabelece que o Estado deve possuir no mínimo
60% das ações de empresas que
exploram o óleo cru no país.
O presidente mundial da Total, Christophe De Margerie,
disse que se sente satisfeito
com as negociações. "A situação mudou, mas continuamos
com vontade de ficar no país
por um bom tempo", disse.
O ministro da Energia, Rafael
Ramírez, disse que o governo
cumprirá a nova lei "tentando
fazer o menor dano possível a
nossos sócios, para que fiquem
trabalhando conosco".
O ministro anunciou que a
empresa americana Exxon-Mobil criou ontem uma comissão técnica com a PDVSA para
estudar a entrega de suas operações na bacia do Orinoco.
A Exxon tem 41,7% do negócio, o mesmo percentual da
PDVSA, e terá que entregar
parte do controle acionário à
estatal antes de 1º de maio. "Se
não houver acordo, tomaremos
o controle direto das operações", disse Ramírez.
Há outras quatro associações
estratégicas no Orinoco que terão que ser renegociadas. As
empresas com investimentos
ali, além da Exxon-Mobil, da
Total e da BP, são as americanas Conoco Phillips e Chevron,
e a norueguesa Statoil.
Tensão com Bogotá
O governo colombiano convocou ontem o embaixador da
Venezuela em Bogotá a dar explicações sobre sua "intromissão na política interna" do país.
O embaixador Pavel Rondón
participou de evento organizado pela oposição de esquerda
em que houve protestos contra
o presidente colombiano, Álvaro Uribe. Rondón é o terceiro
embaixador venezuelano na
América do Sul a ser advertido
nos últimos meses. Os governos do Chile e da Argentina
também reclamaram de intromissão, e o embaixador no Chile foi removido.
Com agências internacionais
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