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Chávez agora diz querer "paz verdadeira"
Segundo ele, crise é culpa dos EUA e de Uribe; apesar de mobilização anunciada, tropas ainda não chegaram à fronteira
Presidente venezuelano recebe Correa e nega ter comunicação direta com as Farc; "quem dera tivesse, porque queremos a paz"
ADRIANA KÜCHLER
DE CARACAS
O presidente Hugo Chávez
afirmou ontem que a Venezuela quer a paz, ao mesmo tempo
em que o seu ministro da Defesa, Gustavo Rangel Briceño,
afirmava que até o fim do dia as
Forças Armadas deveriam ter
mobilizado 100% do contingente de dez batalhões que o
presidente ordenou, no domingo, que fossem deslocados até a
fronteira com a Colômbia.
Chávez relatou uma conversa que teve com o presidente
francês, Nicolas Sarkozy, em
um ato com professores venezuelanos. Segundo Chávez, seu
par francês estaria preocupado
com a tensão na região.
"Eu disse ao presidente e
bom amigo, Nicolas Sarkozy,
que nós somos um povo e uma
nação pacifista. Nós queremos
a paz e nada nem ninguém nos
tirará do caminho da paz verdadeira", disse.
Ele culpou o "império americano e seus lacaios" pela crise,
dizendo que eles representam
uma ameaça de guerra regional. "Nós somos o caminho da
paz", afirmou.
Embora o ministro Briceño
tenha garantido que ontem
85% das forças mobilizadas por
ordem de Chávez já estavam na
fronteira, sua presença não seja
visível (veja texto ao lado).
Segundo o ministro, os militares estariam realizando "funções cotidianas", como controlar a entrada e a saída do país e o
contrabando, e reconhecendo
território. Ele também informou que a fronteira não será fechada, já que essa não teria sido
uma ordem de Chávez.
O comandante estratégico
operacional da Defesa, Jesus
González González, afirmou
que não é possível informar
quantos militares foram deslocados para a área e nem para
onde foram. "Isso é uma questão de segurança. Querer divulgar essa informação é sinal de
antipatriotismo."
Briceño disse que a decisão
de mover batalhões à fronteira
foi tomada diante da "ameaça
que pesa sobre a nossa pátria"
porque as razões usadas para
invadir o território do Equador
"poderiam ser consideradas válidas para um similar comportamento em nosso país".
Cristina e Correa
Chávez recebeu ontem à noite o presidente equatoriano,
Rafael Correa, em mais uma
etapa de sua campanha para
angariar aliados na defesa da
soberania equatoriana. A presidente da Argentina, Cristina
Kirchner, também chegaria.
Em entrevista ao lado de
Correa, ele respondeu à informação de uma rádio colombiana de que teria sido uma ligação
sua que ajudou a localizar o líder das Farc Raúl Reyes.
"Quem dera tivesse. Porque
queremos buscar a paz."
A visita de Cristina a Caracas,
que estava marcada há cerca de
um mês, para a assinatura de
um acordo comercial adquiriu
agora um forte tom político.
Além de confirmar o acordo em
que a Argentina venderá alimentos à Venezuela em troca
do fornecimento de petróleo,
também é esperada uma declaração de Cristina sobre os conflitos na região. Cristina ainda
deve encontrar a mãe de Ingrid
Betancourt, ex-candidata à
Presidência da Colômbia seqüestrada pelas Farc.
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