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Em cúpula, Obama defende urgência de reformar saúde
Sob crise, presidente enfrenta forte oposição para estender cobertura pública nos EUA
Programas vigentes são restritos; há hoje cerca de 47 milhões de americanos sem seguro público ou privado, e custo para o governo cresce
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Em cúpula na Casa Branca
ontem, o presidente do EUA,
Barack Obama, reafirmou com
firmeza a intenção de reformar
o sistema de saúde dos EUA até
o fim do ano. Diante de 150 políticos, médicos e representantes do setor privado, disse não
haver "discordância quanto ao
fato de que todos os americanos devem ter planos de saúde
acessíveis e de qualidade". "A
questão é como fazê-lo."
Apesar do discurso, o presidente não ofereceu novas propostas concretas para expandir
e baratear a cobertura pública
de saúde. Preferiu transmitir
esperança em um consenso
que inclua os dois partidos e o
setor privado para um processo "transparente e inclusivo".
Para isso, porém, o governo
terá de contornar uma divisão
ideológica que opõe os que
creem que a cobertura médica
é um direito aos que creem que
ela é responsabilidade pessoal.
Em época de crise financeira
e déficit orçamentário recorde,
o problema é urgente. O país
deve gastar US$ 2,5 trilhões
com saúde neste ano, ou US$
8.160 por pessoa, estima o governo. Se nada mudar, em menos de uma década os EUA gastarão 20% do PIB com saúde.
"Se quisermos criar empregos e reconstruir nossa economia, teremos que baixar os custos da saúde neste ano, neste
governo", disse Obama.
Metade da projeção citada é
de gastos de programas públicos, extremamente limitados
nos EUA -o governo só cobre
crianças, idosos e famílias de
baixa renda que enfrentem
doenças específicas. Os demais
dependem de seguros pagos
pelo empregador ou comprados do setor privado. O resultado: 47 milhões de americanos
sem plano de saúde.
Ontem, o presidente afirmou que tentativas prévias de
reformar o sistema fracassaram ante o lobby da indústria,
interesses especiais e falhas de
Washington. Mas agora, diz,
"os que tentam bloquear as reformas não vão prevalecer."
As dificuldades, porém, persistem. Em carta ao presidente, republicanos rechaçam um
programa público de seguro-saúde -defendido pelo Centro
para o Progresso Americano,
ligado ao governo. "Forçar a
disputa entre planos do livre
mercado e do governo criaria
um campo desigual e coibiria a
competição", escrevem os cinco senadores, inclusive o líder
da minoria, Mitch McConnel.
Como outras iniciativas de
Obama, o debate deve cair no
tema da "redistribuição de renda". Como disse o economista
David Cutler, da Universidade
Harvard, ao "New York Times": "Oferecer seguros a todos exige transferir recursos
de quem está no topo da pirâmide a quem está abaixo".
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