São Paulo, sexta-feira, 06 de março de 2009

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Em cúpula, Obama defende urgência de reformar saúde

Sob crise, presidente enfrenta forte oposição para estender cobertura pública nos EUA

Programas vigentes são restritos; há hoje cerca de 47 milhões de americanos sem seguro público ou privado, e custo para o governo cresce

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK


Em cúpula na Casa Branca ontem, o presidente do EUA, Barack Obama, reafirmou com firmeza a intenção de reformar o sistema de saúde dos EUA até o fim do ano. Diante de 150 políticos, médicos e representantes do setor privado, disse não haver "discordância quanto ao fato de que todos os americanos devem ter planos de saúde acessíveis e de qualidade". "A questão é como fazê-lo."
Apesar do discurso, o presidente não ofereceu novas propostas concretas para expandir e baratear a cobertura pública de saúde. Preferiu transmitir esperança em um consenso que inclua os dois partidos e o setor privado para um processo "transparente e inclusivo".
Para isso, porém, o governo terá de contornar uma divisão ideológica que opõe os que creem que a cobertura médica é um direito aos que creem que ela é responsabilidade pessoal.
Em época de crise financeira e déficit orçamentário recorde, o problema é urgente. O país deve gastar US$ 2,5 trilhões com saúde neste ano, ou US$ 8.160 por pessoa, estima o governo. Se nada mudar, em menos de uma década os EUA gastarão 20% do PIB com saúde.
"Se quisermos criar empregos e reconstruir nossa economia, teremos que baixar os custos da saúde neste ano, neste governo", disse Obama.
Metade da projeção citada é de gastos de programas públicos, extremamente limitados nos EUA -o governo só cobre crianças, idosos e famílias de baixa renda que enfrentem doenças específicas. Os demais dependem de seguros pagos pelo empregador ou comprados do setor privado. O resultado: 47 milhões de americanos sem plano de saúde.
Ontem, o presidente afirmou que tentativas prévias de reformar o sistema fracassaram ante o lobby da indústria, interesses especiais e falhas de Washington. Mas agora, diz, "os que tentam bloquear as reformas não vão prevalecer."
As dificuldades, porém, persistem. Em carta ao presidente, republicanos rechaçam um programa público de seguro-saúde -defendido pelo Centro para o Progresso Americano, ligado ao governo. "Forçar a disputa entre planos do livre mercado e do governo criaria um campo desigual e coibiria a competição", escrevem os cinco senadores, inclusive o líder da minoria, Mitch McConnel.
Como outras iniciativas de Obama, o debate deve cair no tema da "redistribuição de renda". Como disse o economista David Cutler, da Universidade Harvard, ao "New York Times": "Oferecer seguros a todos exige transferir recursos de quem está no topo da pirâmide a quem está abaixo".


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