São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2001

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ORIENTE MÉDIO

EUA qualificam construção de mais 708 casas de "provocação"

Israel anuncia ampliação de colônias

Associated Press
Garotos no local da explosão de telefone em Jenin, Cisjordânia





DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Israel anunciou ontem que vai leiloar terrenos para a construção de mais 708 casas para colonos judeus em territórios ocupados, provocando críticas dos EUA e da Autoridade Nacional Palestina.
Os EUA qualificaram a decisão de "provocação", segundo Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado. "A continuação da implantação de colônias por parte de Israel arrisca inflamar mais ainda uma situação já instável na região", afirmou.
Para o negociador palestino Saeb Erekat, a medida faz parte da "política de agressão de Israel".
O Ministério da Construção e da Habitação de Israel disse que a intenção é construir 496 casas no assentamento de Maale Adumim, perto de Jerusalém, e 212 casas em Alfei Menashe, perto de Nablus (Cisjordânia ocupada).
O ministro da Habitação de Israel, Natan Sharansky, disse que os eventos mostraram "quão importante é ajudar e fortalecer" os judeus da Cisjordânia e da faixa de Gaza. Segundo Sharansky, as novas construções correspondem ao "crescimento natural" das colônias existentes.
Ao menos 369 palestinos, 13 árabes israelenses e 71 judeus foram mortos na nova Intifada (levante palestino), iniciada em 28 de setembro.
Cerca de 150 mil judeus vivem na Cisjordânia e em Gaza em mais de 140 assentamentos, em meio a mais de 3 milhões de palestinos.
O anúncio veio horas depois que a Suécia, que detém a presidência rotativa da União Européia, pediu a interrupção dos projetos de criação ou ampliação de colônias nos territórios ocupados.
"A União Européia exorta encarecidamente e com firmeza o governo israelense a pôr fim a sua política de colonização nos territórios ocupados, incluindo Jerusalém Oriental", disse a Suécia, em comunicado divulgado em Bruxelas. "Todas as atividades de colonização são ilegais e constituem um grande obstáculo à paz."
Após a eleição para premiê de Ariel Sharon, em fevereiro, um comitê israelense anunciou planos para construir aproximadamente 3.000 novas casas no assentamento de Har Homa (Jabal Abu Ghneim, em árabe), em Jerusalém Oriental. O comitê israelense de Jerusalém disse ainda estudar a construção de um novo assentamento, com 6.000 casas, na Cisjordânia.
O movimento pacifista israelense Paz Agora pediu o fim dos assentamentos. "O momento dessa publicação levanta suspeita de uma tentativa de sabotar qualquer chance de que um cessar-fogo (entre palestinos e israelenses) seja atingido", disse Moria Shlomot, da diretoria do grupo.

Dia das Crianças

Tropas israelenses mataram em Gaza um adolescente palestino que participava de protestos contra a morte de aproximadamente cem crianças palestinas desde o início da atual onda de violência.
Ahmad Mahmud al Atar, 15, levou um tiro na cabeça perto do cruzamento de Netzarim, onde o menino palestino Muhammad al Durra, 12, foi morto por soldados israelenses em setembro, pouco após o início da Intifada. Os palestinos comemoravam no local o Dia da Criança, celebrado na data de ontem na região.

Filho de Sharon
O filho de Sharon, Omri, manteve reuniões com o líder palestino Iasser Arafat no último domingo, em Ramallah (Cisjordânia), segundo a TV israelense.
"Encarreguei Omri de ver Arafat e seus aliados para dizer-lhes que Israel não negociará sob a ameaça de terror e violência", afirmou o premiê. Segundo Sharon, "não se tratava de negociações".
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres, disse à TV que não havia sido informado da reunião de Omri Sharon com Arafat.


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