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JUSTIÇA
Imigrantes morreram sem ar
Holandês é condenado por tráfico humano
LEONARDO CRUZ
DE LONDRES
A Justiça britânica condenou o
holandês Perry Wacker, 33, a 14
anos de prisão por seu envolvimento na morte de 58 imigrantes
chineses, em Dover, no sul do
Reino Unido, em junho de 2000.
Wacker dirigia o caminhão carregado com tomates onde estavam escondidos os imigrantes,
que tentavam entrar ilegalmente
no Reino Unido. O veículo havia
saído da Bélgica, atravessado o canal da Mancha em uma balsa e
chegado ao porto de Dover.
Para que os chineses não fossem
localizados por oficiais da imigração britânica, o motorista holandês fechou a única saída para circulação de ar do contêiner, e 58
dos 60 asiáticos que estavam no
veículo morreram asfixiados.
Wacker foi sentenciado a oito
anos de prisão pela tentativa de
contrabandear imigrantes ilegais
e a mais seis anos pelo homicídio
culposo dos chineses.
Ying Guo, chinês radicado no
Reino Unido que atuava com
Wacker como intérprete, foi condenado a seis anos pela tentativa
de contrabando.
Ao proferir sua sentença, o juiz
Alan Moses disse que o holandês
tratou os imigrantes como "carga". "Essa sentença não reflete a
dimensão da tragédia dessas
mortes", afirmou Moses.
Durante o julgamento, Ke Shi
Guang, 22, um dos dois únicos sobreviventes da viagem, contou
que as pessoas dentro do caminhão entraram em pânico cerca
de três horas após a saída de ar ter
sido fechada. "Alguns tentaram
chutar a porta do caminhão, outros gritaram, mas ninguém apareceu para ajudar", disse Guang.
Ele e Su Di Ke, 20, o outro sobrevivente, só escaparam com vida
por terem sido os últimos imigrantes a entrar no contêiner. Eles
tiveram de deitar no chão, perto
de um pequena fresta, pela qual
um pouco de ar ainda circulava.
Quando o caminhão foi inspecionado pelas autoridades portuárias em Dover, e os corpos, encontrados, eles foram retirados
inconscientes.
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