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QUEM É
Jovem clérigo usa discurso radical e milícia armada
DA REUTERS
Moqtada al Sadr, jovem
herdeiro de uma dinastia religiosa importante no Iraque, não fala em nome de todos os muçulmanos xiitas
do país, mas seu discurso inflamado, que agrada aos
mais pobres, e sua milícia armada podem vir a causar
muita dor-de-cabeça às forças de ocupação dos EUA.
Ao qualificá-lo como um
"fora-da-lei" e ameaçar
prendê-lo, a administração
americana parece agir com o
apoio de outros líderes xiitas, que, embora critiquem a
ocupação publicamente,
têm adotado uma atitude
mais moderada à espera da
transferência de soberania e
de futuras eleições.
"Nós temos um só objetivo: remover as forças ocupantes do país", disse Al
Sadr em entrevista no ano
passado em Najaf, cidade sagrada xiita no sul do país.
Al Sadr, que tem cerca de
30 anos, herdou a autoridade de seu pai, o aiatolá Mohammed Sadeq al Sadr, assassinado durante a ditadura de Saddam Hussein.
Desde a queda do ex-ditador iraquiano, há um ano,
ele adotou, com uma violenta retórica contra o Conselho
de Governo Iraquiano escolhido pelos EUA, uma posição bem mais radical do que
a de outros importantes líderes xiitas. E criou a milícia
Exército Mehdi, que pode
ter milhares de integrantes.
Há denúncias de que seus
seguidores ameaçam comerciantes que vendem bebida alcoólica ou mulheres
cujo comportamento consideram inadequado.
A principal liderança da
maioria xiita iraquiana, o
aiatolá Ali al Sistani, também tem mantido distância
da administração americana, mas aconselhou seus seguidores a evitar a violência.
A colaboração dos xiitas é
crucial para os planos americanos de transferir a soberania do país em 30 de junho a
um governo de transição
que conduza o país até a realização de eleições.
Al Sadr não tem a autoridade religiosa de Al Sistani,
mas chama a atenção de parte da população xiita devido
a seus discursos inflamados.
Ele nega envolvimento na
morte, em Najaf, de Abdul
Majid al Khoei, filho de um
outro importante aiatolá,
em abril de 2003. Al Khoei,
que tinha boas ligações com
os EUA e o Reino Unido, foi
morto numa das mesquitas
mais sagradas para os xiitas
logo após voltar do exílio.
No último sábado, as autoridades dos EUA prenderam
um dos principais assessores
de Al Sadr em conexão com
o assassinato de Al Khoei.
A prisão do assessor e o fechamento, na semana passada, de um jornal criado por
Al Sadr, por meio do qual ele
realizava seus ataques verbais aos EUA, detonaram o
levante contra as tropas de
ocupação anteontem.
Ao anunciarem ontem que
também possuem uma ordem de prisão contra Al
Sadr, os EUA buscam isolá-lo e evitar que seu discurso
radical ganhe adeptos.
Mas é cada vez mais comum identificar a foto do jovem líder radical em protestos públicos de xiitas contra a ocupação americana, ao lado de imagens de líderes
mais velhos ou já mortos.
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