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Datas da transição não
mudam, afirma Bush
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, George
W. Bush, disse ontem que pretende manter o cronograma e dar soberania ao Iraque até 30 de junho.
A transmissão de poder foi
questionada no último fim de semana por senadores dos partidos
Republicano (situação) e Democrata (oposição). Richard Lugar,
presidente republicano do Comitê de Relações Exteriores do Senado, disse que o problema de segurança no Iraque poderia tornar o
prazo previsto "não-realista".
Nos últimos dias, dois eventos
fomentaram reações como a de
Lugar. Primeiro, o assassinato
brutal de quatro civis americanos
em Fallujah. Anteontem, um levante xiita em sete cidades do Iraque, liderado pelo clérigo radical
Moqtada al Sadr, provocou a
morte de pelo menos 33 pessoas,
incluindo militares dos EUA.
O episódio de Fallujah e os problemas enfrentados pelos EUA no
Iraque reduziram o apoio dos
americanos ao modo como Bush
está administrando o pós-guerra.
Segundo uma pesquisa do Pew
Research Center, feita entre 1º e 4
de abril, 40% aprovam a condução do presidente -19 pontos
percentuais abaixo do registrado
em meados de janeiro. Apenas
32% acham que Bush tem um plano claro para a situação, e 57%
não crêem nisso.
Lugar afirmou ainda que não há
clareza sobre como a transmissão
de poder se dará. "Minha intenção é garantir que o prazo determinado permaneça o mesmo",
disse Bush. "Sobre esse incidente
em particular, Al Sadr é uma pessoa que decidiu que, em vez de
deixar a democracia se desenvolver, vai praticar atos de força, e
simplesmente não podemos deixar que isso aconteça", afirmou.
"Um Iraque livre tornará o
mundo mais pacífico. Um Iraque
livre tornará a América mais segura", afirmou Bush.
Guerra civil
Para Rachel Bronson, diretora
de estudos sobre o Oriente Médio
do Council of Foreign Relations
-um dos principais centros
americanos de pensamento estratégico e diplomático-, no entanto, não se trata apenas do ato isolado de um homem e de seus seguidores.
Ela diz que há risco de guerra civil no Iraque após a transferência
de soberania no final de junho,
com confrontos entre os diferentes grupos políticos e religiosos.
Mais ainda, "haveria chances de
guerra civil mesmo se os EUA
permanecessem lá", afirmou.
Bronson se diz favorável à entrega do poder aos iraquianos na
data marcada, "porque três ou
quatro meses a mais não farão diferença". O processo de construção de instituições políticas no
país, ela afirma, durará bem mais
que isso.
No início da ocupação, Bronson
defendia uma ocupação associada à ONU de pelo menos dois
anos. Dado que o acertado foi a
transferência de poder em junho,
o melhor que há a fazer agora, defende a especialista, até pensando
na credibilidade das instituições
democráticas, é cumprir o prometido.
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