São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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VOTO À DISTÂNCIA

Franco-brasileiros repudiam extrema direita de Jean-Marie Le Pen

No Brasil, Chirac repete a vitória

MIRELLA DOMENICH
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O favoritismo do candidato Jacques Chirac se confirmou nas eleições francesas realizadas ontem no Brasil. Dos 3.106 inscritos para votar no Consulado Geral da França em São Paulo -a maior zona eleitoral no país, seguida dos consulados do Rio de Janeiro (3.029) e do Recife (499) e da Embaixada da França em Brasília (240)- compareceram 1.046 pessoas. Dessas, 954 votaram em Chirac e 60 em Jean-Marie Le Pen. Houve 32 votos brancos/nulos.
O que levou muitos eleitores às urnas foi o ataque à extrema direita de Le Pen, afirmavam os eleitores que compareceram ao consulado. Os brasileiros naturalizados franceses estavam também preocupados com a política de imigração de Le Pen, que prevê o controle de fronteiras e o que ele chama de "preferência nacional" em todas as áreas, dando prioridade a franceses na habitação, no emprego e na assistência social.
"Se Le Pen colocar em prática sua política de imigração, ficará muito mais difícil para eu estudar ou morar na França", disse a estudante Paula Jorge, 24, que tem cidadania francesa.
Os eleitores eram discretos ao revelar seus votos. O único entrevistado que disse ter votado em Le Pen foi o engenheiro Jean Gentil, 47, que vive há 35 anos no Brasil. Ele veio para cá com a família porque o pai havia arrumado emprego. Gentil já havia votado para Le Pen no primeiro turno. "Acredito nas idéias separatistas de Le Pen. Acho que a França tem de se separar da União Européia e tem de voltar a ter sua moeda própria para crescer."
O economista Patrick Crosset, 42, que vive há três anos no Brasil, é contra a política de Le Pen. "É muito contraditório viver fora da França, ser um imigrante em outro país, e votar em Le Pen. Ele não quer estrangeiros".


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