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Esquerda quer união em pleito legislativo
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A esquerda francesa não está
propriamente pessimista para as
eleições legislativas de junho.
François Hollande, primeiro secretário do Partido Socialista,
constatou que seus partidários
"cumpriram seu dever" ao votarem maciçamente pela derrota de
Jean-Marie Le Pen. Aproveitou
para lançar um apelo à unidade.
Na hipótese de reconstituir uma
maioria próxima à obtida em
1997, a esquerda seria a corrente
dentro da qual o presidente Jacques Chirac seria obrigado a escolher seu novo primeiro-ministro.
Recusando-se a fazê-lo, deveria
renunciar, e o jogo eleitoral partiria novamente da estaca zero.
Socialistas, verdes e comunistas
fizeram, no sábado, uma reunião
para esboçar um acordo sobre as
candidaturas. A renovação da Assembléia Nacional é feita em cada
um dos 577 distritos eleitorais. É,
portanto, igual o número de eleições simultâneas, com primeiro
turno marcado para 9 de junho.
Há cerca de 30 distritos em que
a Frente Nacional, de Le Pen, tem
chances de ter seu candidato eleito já no primeiro turno. A proposta é de candidatura única das esquerdas. Nos distritos de predominância do centro-direita, a esquerda negociaria uma "candidatura preferencial". Naqueles em
que a esquerda for favorita, cada
partido lançaria seu concorrente.
A idéia de "esquerda plural" foi
sepultada há duas semanas,
quando o premiê Lionel Jospin,
candidato presidencial do PS, foi
eliminado com apenas 16,18%
dos votos. A frente anti-Le Pen
ressuscitou a idéia de "esquerda
unida", que existe desde que, em
1936, a Frente Popular a levou pela primeira vez ao poder.
Mas a unidade é difícil. Há, além
da inevitável necessidade de desistência de pré-candidatos com
forte implantação regional, as sequelas de divergências internas.
Os trotskistas, por exemplo
-duas candidaturas, 10% dos
votos há duas semanas-, racharam quanto ao voto ontem em
Chirac. Os verdes, com 5,25% dos
votos, fazem acordo mais facilmente com socialistas e radicais
do que com os comunistas. Estes,
com ridículos 3,91% no primeiro
turno, estão desmoralizados. Têm
uma longa história, têm máquina
no plano municipal, mas, praticamente, não têm mais eleitor.
De qualquer modo, esse conjunto de partidos e de correntes
acredita que deverá lucrar com o
susto que a França levou. Le Pen
seria um cabo eleitoral às avessas.
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