São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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Esquerda quer união em pleito legislativo

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A esquerda francesa não está propriamente pessimista para as eleições legislativas de junho. François Hollande, primeiro secretário do Partido Socialista, constatou que seus partidários "cumpriram seu dever" ao votarem maciçamente pela derrota de Jean-Marie Le Pen. Aproveitou para lançar um apelo à unidade.
Na hipótese de reconstituir uma maioria próxima à obtida em 1997, a esquerda seria a corrente dentro da qual o presidente Jacques Chirac seria obrigado a escolher seu novo primeiro-ministro. Recusando-se a fazê-lo, deveria renunciar, e o jogo eleitoral partiria novamente da estaca zero.
Socialistas, verdes e comunistas fizeram, no sábado, uma reunião para esboçar um acordo sobre as candidaturas. A renovação da Assembléia Nacional é feita em cada um dos 577 distritos eleitorais. É, portanto, igual o número de eleições simultâneas, com primeiro turno marcado para 9 de junho.
Há cerca de 30 distritos em que a Frente Nacional, de Le Pen, tem chances de ter seu candidato eleito já no primeiro turno. A proposta é de candidatura única das esquerdas. Nos distritos de predominância do centro-direita, a esquerda negociaria uma "candidatura preferencial". Naqueles em que a esquerda for favorita, cada partido lançaria seu concorrente.
A idéia de "esquerda plural" foi sepultada há duas semanas, quando o premiê Lionel Jospin, candidato presidencial do PS, foi eliminado com apenas 16,18% dos votos. A frente anti-Le Pen ressuscitou a idéia de "esquerda unida", que existe desde que, em 1936, a Frente Popular a levou pela primeira vez ao poder.
Mas a unidade é difícil. Há, além da inevitável necessidade de desistência de pré-candidatos com forte implantação regional, as sequelas de divergências internas.
Os trotskistas, por exemplo -duas candidaturas, 10% dos votos há duas semanas-, racharam quanto ao voto ontem em Chirac. Os verdes, com 5,25% dos votos, fazem acordo mais facilmente com socialistas e radicais do que com os comunistas. Estes, com ridículos 3,91% no primeiro turno, estão desmoralizados. Têm uma longa história, têm máquina no plano municipal, mas, praticamente, não têm mais eleitor.
De qualquer modo, esse conjunto de partidos e de correntes acredita que deverá lucrar com o susto que a França levou. Le Pen seria um cabo eleitoral às avessas.


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