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TIROS EM HOLLYWOOD
Agente do diretor diz que motivo são interesses da empresa em Estado governado por irmão de Bush
Disney veta novo filme de Michael Moore
DA REDAÇÃO
A Walt Disney Company decidiu proibir a produtora Miramax,
sua subsidiária, de distribuir o novo documentário de Michael
Moore nos Estados Unidos. O filme, "Fahrenheit 9/11", faz severas
críticas ao presidente George W.
Bush.
"Eu esperava que a essa altura
seria capaz de exibir meu trabalho
ao público sem ter de passar pelos
profundos obstáculos de censura
que freqüentemente encontro",
afirmou ontem em seu site Moore, vencedor do Oscar de melhor
documentário de 2002 com "Tiros em Columbine".
De acordo com Ari Emanuel,
agente do cineasta, a decisão foi
tomada porque a Disney teme
perder a concessão de incentivos
fiscais na Flórida, Estado governado por Jeb Bush, irmão do presidente.
Emanuel disse que o presidente
da Disney, Michael Eisner, manifestou preocupação de que a empresa viesse a perder vantagens
para seus negócios no Estado
(parques temáticos e hotéis, entre
outros).
"Michael Eisner pediu-me que
não vendesse o filme a Harvey
Weinstein [um dos fundadores
da Miramax, simpatizante do
Partido Democrata]. Isso não
quer dizer que eu tenha dado ouvidos a ele. Ele deu indicações seguras de que havia incentivos fiscais sendo dados à Disney e é por
isso que ele não queria que eu
vendesse à Miramax. Ele não queria uma empresa da Disney envolvida", afirmou Emanuel.
A direção da Disney nega essa
acusação, mas admite ter se posicionado contra o negócio.
Moore diz que seu novo filme,
uma das atrações do Festival de
Cannes, que começa na semana
que vem, expõe as conexões financeiras entre o clã Bush e famílias importantes da Arábia Saudita -entre elas a de Osama bin Laden, líder da rede terrorista Al
Qaeda, responsável pelos ataques
do 11 de Setembro. Também
apresenta depoimentos de soldados americanos desiludidos com
a Guerra do Iraque.
Um alto executivo da Disney
afirmou que a empresa considera
o filme contrário a seus interesses
não em razão de seus negócios
com o governo, mas porque tem
como público-alvo famílias de todas as convicções políticas e que o
documentário poderia desagradar a muitas delas. "Não interessa
a nenhuma grande corporação
ser arrastada para um debate político partidário de alta voltagem",
declarou o executivo.
A Disney, que comprou a Miramax há mais de uma década, tem
um acordo com a produtora pelo
qual pode proibir a distribuição
de filmes em algumas circunstâncias -se a produção tiver um orçamento caríssimo ou se for proibida para menores.
Executivos da Miramax não
acreditam que o filme de Moore
se encaixe nessas categorias. Pessoas envolvidas na produção afirmam que, se não houver um acordo, o caso poderá ir para a Justiça.
"Estamos discutindo o assunto
com a Disney. Estamos examinando todas as nossas opções e
desejamos resolver isso de forma
amigável", disse Matthew Hiltzik,
porta-voz da Miramax.
A Disney, no entanto, não parece disposta a voltar atrás em sua
decisão. "Avisamos tanto o agente quanto a Miramax em maio de
2003 que o filme não seria distribuído pela Miramax. Essa decisão
continua de pé", afirmou Zenia
Mucha, porta-voz da Disney.
Na época, quando se anunciou
que a Icon Productions, do ator
Mel Gibson, estava desistindo do
projeto e sendo substituída pela
Miramax, a Disney foi alvo de
muitas críticas de conservadores.
A decisão da Disney não impede a Miramax de fazer um acordo
com outra distribuidora para exibir o filme nos EUA. Porém isso
resultará na divisão dos lucros.
Na semana passada, já houve
outra polêmica envolvendo organizações da mídia e o Iraque. O
Sinclair Broadcast Group impediu que suas emissoras retransmitissem o programa "Nightline", da rede ABC (pertencente à
Disney), que exibiu fotos dos soldados mortos no Iraque, sob o argumento de que se tratava de panfletagem partidária disfarçada de
jornalismo.
Com "The New York Times" e agências
internacionais
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