São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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DIREITOS HUMANOS

Balanço é do governo americano, que se diz determinado a "frear essa agressão assustadora" no mundo

Tráfico humano vitima até 4 milhões ao ano

DA REDAÇÃO

Pelo menos 700 mil pessoas, e possivelmente até 4 milhões de homens, mulheres e crianças foram vítimas de tráfico humano no ano passado, segundo um relatório divulgado ontem pelo Departamento de Estado dos EUA.
Mesmo nos EUA, 50 mil pessoas foram compradas, vendidas, transportadas e mantidas contra sua vontade em condições equivalentes à escravidão.
O documento menciona em particular casos de prostituição, trabalho forçado em oficinas clandestinas ou na agricultura, aliciamento contra a vontade em grupos armados, trabalhos domésticos compulsórios e casos de crianças exploradas como mendigos ou como jóqueis em corridas de camelo.
"Nessa forma moderna de escravidão, conhecida como tráfico de pessoas, os traficantes usam ameaças, intimidações e violência para forçar suas vítimas a manter atos sexuais ou a trabalhar sob condições comparáveis à escravidão para a obtenção de ganhos financeiros", afirmou o secretário de Estado, Colin Powell, ao apresentar o relatório.
Segundo ele, o governo dos EUA está determinado a "frear essa agressão assustadora" sobre seres humanos em todo o mundo.

Esforços insuficientes
O relatório, que examinou a situação em 89 países, relaciona 19 deles que não estariam fazendo esforços suficientes para combater e prevenir o tráfico de humanos. De acordo com uma lei aprovada em 2000 pelos EUA, e que previa a confecção do relatório, os países relacionados nessa categoria estarão sujeitos, a partir do ano que vem, a sanções por parte dos americanos, incluindo a oposição à concessão de empréstimos por parte dos organismos multilaterais de crédito.
Mais de 25% dos países nessa condição estão na região do golfo Pérsico: Bahrein, Irã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Os demais são Afeganistão, Armênia, Belarus, Bósnia, Camboja, Grécia, Indonésia, Quirguistão, Líbano, Mianmar, Rússia, Sudão, Tadjiquistão e Turquia.
O Brasil e outros 51 países estão numa categoria intermediária (veja quadro nesta página), de governos que não atendem totalmente às exigências feitas pela lei americana, mas que estariam fazendo esforços para punir e evitar o tráfico humano.
A lista dos governos que cumprem com todas as exigências feitas pela lei americana tem 18 países. O relatório indica que houve uma melhora geral na situação mundial. O número de países que não atendem às exigências americanas caiu de 23, há um ano, para os atuais 19.
O texto diz que a Coréia do Sul fez "avanços extraordinários" no ano passado, e passou diretamente da categoria de países que não cumprem as exigências para a dos que as cumprem totalmente.
Colin Powell também elogiou os governos de Israel e Romênia por terem avançado no combate ao tráfico humano. O secretário de Estado disse esperar que o relatório possa animar todos os países a intensificar seus esforços contra o tráfico de pessoas.
Países nos quais houve menos de cem casos de transporte ou destinação de vítimas de tráfico foram excluídos do relatório. Outros países ficaram de fora por falta de informação.
O relatório atribui grande parte parte dos casos de tráfico humano à instabilidade política ou econômica nos países de origem. "Em países com desemprego crônico, pobreza generalizada e falta de oportunidades econômicas, os traficantes usam promessas de melhores rendimentos e boas condições de trabalho em países estrangeiros para ludibriar as pessoas", diz o texto.
O documento diz ainda que guerras civis, conflitos armados e desastres naturais também aumentam a vulnerabilidade das pessoas em relação ao tráfico.


Com agências internacionais

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