|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIREITOS HUMANOS
Balanço é do governo americano, que se diz determinado a "frear essa agressão assustadora" no mundo
Tráfico humano vitima até 4 milhões ao ano
DA REDAÇÃO
Pelo menos 700 mil pessoas, e possivelmente até 4 milhões de
homens, mulheres e crianças foram vítimas de tráfico humano no
ano passado, segundo um relatório divulgado ontem pelo Departamento de Estado dos EUA.
Mesmo nos EUA, 50 mil pessoas foram compradas, vendidas,
transportadas e mantidas contra
sua vontade em condições equivalentes à escravidão.
O documento menciona em
particular casos de prostituição,
trabalho forçado em oficinas
clandestinas ou na agricultura,
aliciamento contra a vontade em
grupos armados, trabalhos domésticos compulsórios e casos de
crianças exploradas como mendigos ou como jóqueis em corridas
de camelo.
"Nessa forma moderna de escravidão, conhecida como tráfico
de pessoas, os traficantes usam
ameaças, intimidações e violência
para forçar suas vítimas a manter
atos sexuais ou a trabalhar sob
condições comparáveis à escravidão para a obtenção de ganhos financeiros", afirmou o secretário
de Estado, Colin Powell, ao apresentar o relatório.
Segundo ele, o governo dos
EUA está determinado a "frear essa agressão assustadora" sobre seres humanos em todo o mundo.
Esforços insuficientes
O relatório, que examinou a situação em 89 países, relaciona 19
deles que não estariam fazendo
esforços suficientes para combater e prevenir o tráfico de humanos. De acordo com uma lei aprovada em 2000 pelos EUA, e que
previa a confecção do relatório, os
países relacionados nessa categoria estarão sujeitos, a partir do ano
que vem, a sanções por parte dos
americanos, incluindo a oposição
à concessão de empréstimos por
parte dos organismos multilaterais de crédito.
Mais de 25% dos países nessa
condição estão na região do golfo
Pérsico: Bahrein, Irã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes
Unidos. Os demais são Afeganistão, Armênia, Belarus, Bósnia,
Camboja, Grécia, Indonésia,
Quirguistão, Líbano, Mianmar,
Rússia, Sudão, Tadjiquistão e
Turquia.
O Brasil e outros 51 países estão
numa categoria intermediária
(veja quadro nesta página), de governos que não atendem totalmente às exigências feitas pela lei
americana, mas que estariam fazendo esforços para punir e evitar
o tráfico humano.
A lista dos governos que cumprem com todas as exigências feitas pela lei americana tem 18 países. O relatório indica que houve
uma melhora geral na situação
mundial. O número de países que
não atendem às exigências americanas caiu de 23, há um ano, para
os atuais 19.
O texto diz que a Coréia do Sul
fez "avanços extraordinários" no
ano passado, e passou diretamente da categoria de países que não
cumprem as exigências para a dos
que as cumprem totalmente.
Colin Powell também elogiou os
governos de Israel e Romênia por
terem avançado no combate ao
tráfico humano. O secretário de
Estado disse esperar que o relatório possa animar todos os países a
intensificar seus esforços contra o
tráfico de pessoas.
Países nos quais houve menos
de cem casos de transporte ou
destinação de vítimas de tráfico
foram excluídos do relatório. Outros países ficaram de fora por falta de informação.
O relatório atribui grande parte
parte dos casos de tráfico humano
à instabilidade política ou econômica nos países de origem. "Em
países com desemprego crônico,
pobreza generalizada e falta de
oportunidades econômicas, os
traficantes usam promessas de
melhores rendimentos e boas
condições de trabalho em países
estrangeiros para ludibriar as pessoas", diz o texto.
O documento diz ainda que guerras civis, conflitos armados e
desastres naturais também aumentam a vulnerabilidade das
pessoas em relação ao tráfico.
Com agências internacionais
Texto Anterior: O sobrevivente: Motorista escapa de 4º atentado Próximo Texto: Relatório diz que Brasil se "esforça" contra o tráfico Índice
|