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GUERRA SEM LIMITES
Medidas devem atingir até 100 mil pessoas majoritariamente originárias de países do Oriente Médio
EUA tirarão impressão digital de visitantes
DA REDAÇÃO
O secretário da Justiça dos EUA, John Ashcroft, disse ontem
que até 100 mil estrangeiros por ano que chegam ao país serão fotografados, terão suas impressões digitais tiradas e seus nomes registrados, num esforço de prevenção do terrorismo cujo alvo preferencial serão homens originários
do Oriente Médio. A medida despertou a indignação de grupos
árabes e de imigrantes.
Ashcroft disse que o governo resolveu invocar uma lei pouco usada do início dos anos 1950 e aplicá-la aos países identificados como "portadores do mais alto grau de risco de terrorismo".
"Estou anunciando hoje o Sistema Nacional de Registro de Segurança de Entradas e Saídas", disse
Ashcroft. "Ele vai ampliar de maneira substancial a vigilância sobre os visitantes estrangeiros que
possivelmente representem um
motivo de preocupação para nossa segurança nacional. Além disso, vai fornecer uma linha de defesa vital na guerra ao terrorismo."
A mudança foi provocada pela
preocupação suscitada pela ausência de registros relativos a turistas, estudantes e outros visitantes estrangeiros que chegaram aos
EUA desde os ataques de 11 de setembro. Os 19 sequestradores dos
aviões usados nos ataques entraram no país com vistos de entrada
válidos, mas vários permaneceram após a data-limite estipulada.
Frank Sharry, diretor-executivo
do Fórum Nacional de Imigração,
disse que o plano "cheira como o
tipo de tática" usada por regimes
totalitários como o Iraque. "Centenas de milhares de homens vão
ter que se registrar junto às autoridades. Acho isso lamentável. Vai
desagradar a muita gente", disse.
James Zogby, presidente do Instituto Árabe-Americano, disse
que a mudança vai onerar ainda
mais um processo já complicado
e não vai aumentar a segurança.
Ele disse que o plano foi adotado
apesar das ressalvas do Departamento de Estado e do Serviço de
Imigração e Naturalização e o
qualificou como iniciativa política
adotada para transmitir a mensagem de que a administração está
"fazendo alguma coisa" para
combater o terrorismo.
A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) criticou as
medidas mais recentes anunciadas por Ashcroft, dizendo que são
discriminatórias e provavelmente
ineficazes. "A administração
Bush está pouco a pouco isolando
as comunidades muçulmana e
árabe", disse Timothy Edgar, da
ACLU. "Essa última iniciativa deve ser vista dentro do contexto
maior de todas as ações voltadas
contra pessoas originárias do
Oriente Médio desde setembro."
Autoridades reconheceram que
haveria acusações de que o plano
equivaleria a traçar perfis discriminatórios, já que visa principalmente pessoas do Oriente Médio,
mas disseram que a medida tornou-se necessária após os atentados de 11 de setembro.
O plano é o mais recente anunciado por Ashcroft a suscitar críticas de grupos de defesa das liberdades civis. Na semana passada,
ele concedeu ao FBI amplos poderes para realizar espionagem doméstica em lugares como mesquitas, comícios políticos e internet.
Sob normas adotadas em 1998,
apenas os visitantes de Iraque, Irã,
Líbia e Sudão eram obrigados a
passar por um processo que inclui
o registro de seus nomes junto às
autoridades federais, fotos e impressões digitais.
O novo plano pretende ampliar
as medidas para abranger pessoas
vindas dos países identificados
como sendo os que representam o
maior grau de risco de terrorismo
contra os EUA. As autoridades se
negaram a identificar os países,
mas reconheceram que são, em
sua maioria, do Oriente Médio.
A estimativa é que a mudança
afetará cerca de 100 mil visitantes
por ano. Nem todos os visitantes
desses países terão que passar pelo processo, disseram as autoridades, precisando que o programa é voltado aos homens.
A mesma abordagem foi utilizada por Ashcroft, como parte do
programa de contraterrorismo anunciado em março, para interrogar 3.000 estrangeiros que chegaram recentemente aos EUA, a maioria do Oriente Médio.
A lista inicial de pessoas que seriam interrogadas, em novembro,
chegou a cerca de 5.000 homens de 18 a 33 anos que entraram nos
EUA desde 2000 e que possuem passaportes de países nos quais a
rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, manteve ou mantém presença ativa.
Com agências internacionais
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