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RELIGIÃO
O líder máximo católico, que já percorreu mais de 1 milhão de quilômetros em 24 anos de pontificado, chega à Croácia
João Paulo 2º inicia a centésima viagem como papa
PAULO DANIEL FARAH
ESPECIAL PARA A FOLHA
Líder católico que mais se dedicou às peregrinações, o papa João
Paulo 2º, 83, iniciou ontem sua
centésima viagem apostólica fora
do Vaticano. A visita à Croácia, a
terceira nos 24 anos de seu pontificado, prolonga-se até o dia 9.
Desde a primeira viagem, que o
levou ao México, à República Dominicana e às Bahamas, com apenas três meses e meio de pontificado, João Paulo 2º já percorreu
mais de 1,15 milhão de km (mais
de três vezes a distância entre a
Terra e a Lua), o que o fez conhecer de perto uma parte importante do cerca de 1 bilhão de católicos
no mundo.
Karol Wojtyla (nome de batismo do papa), que inaugurou um
estilo próprio de liderança no catolicismo com sua constante mobilidade e preocupação com a mídia, percorreu ainda países em
que o ramo cristão que representa
é minoritário, como Armênia,
Cazaquistão e Síria.
Em maio, um cardeal próximo
ao papa -Giovanni Battista Re,
chefe da Congregação dos Bispos- reconheceu publicamente,
pela primeira vez, que João Paulo
2º sofre de mal de Parkinson, desordem do sistema nervoso caracterizada por tremores, rigidez facial e dificuldade de andar. O papa
sofre ainda de uma artrose no joelho e das consequências do atentado a tiros que sofreu em 1981.
Desde esse ataque, ele já passou
por sete cirurgias.
Também em maio, o papa disse
acreditar que sua morte esteja
próxima. "Estou cada vez mais
consciente de que está chegando
o dia em que terei de me apresentar a Deus e prestar contas de toda
a minha vida", declarou.
Apesar das inquietações sobre
sua saúde, nos últimos meses sua
condição física melhorou. Sua
dicção está mais clara e seus gestos estão menos mecânicos, em
razão de repousos mais prolongados entre cada evento, uma dieta
mais equilibrada, sessões de fisioterapia e um tratamento alternativo para o mal de Parkinson.
O papa beatificará hoje a irmã
Maria de Jesus Crucificado Petkovic (1892-1966). Ao menos 80%
dos cerca de 4,5 milhões de croatas são católicos. Ontem, ao chegar ao país, ele pediu que os religiosos "nunca se cansem de tentar ajudar a curar as feridas da
cruel guerra". A Croácia declarou-se independente da então Iugoslávia em 1991, e a guerra só terminou em 1995.
Paulo Daniel Farah é professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
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