São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2006

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"O que importa é o voto", diz líder do Apra

DO ENVIADO A LIMA

Número dois do partido de Alan García, o secretário-geral do Apra, Jorge del Castillo, discorda que exista o voto pelo "mal menor" e disse que a reparação às vítimas e parentes de vítimas do confronto contra o Sendero Luminoso não é prioridade. Leia, a seguir, a entrevista concedida à Folha anteontem: (FM)  

FOLHA - Parte da votação a García tem sido justificada como sendo no "mal menor". Há o risco de que seu respaldo popular saia fragilizado do segundo turno?
JORGE DEL CASTILLO
- Essas são as regras da eleição no Peru, não foram inventadas pelo Apra. Então, são regras que nós aceitamos. Todo o resto são adjetivações: se é o mal menor, se é o mal maior, se é voto com nariz tapado, se não se tapa o nariz, e isso não tem importância. O importante é o voto, simplesmente, isso é o que será contado.

FOLHA - García promete que não cometerá os mesmos erros do passado, mas terá como vice-presidente Luis Giampietri Rojas, um militar que é acusado de envolvimento em violações a direitos humanos durante o seu governo anterior. Por quê essa escolha?
DEL CASTILLO
- Não se pode deixar enganar pelas pessoas de mau agouro. Giampietri é um herói da Marinha, da luta contra a subversão. E agora é tratado como um vilão. Creio que o mundo esteja de cabeça para baixo. Nós o escolhemos porque o queremos bem. Alguns comunistas podem questioná-lo, mas não nos importa.

FOLHA - Como o governo Apra lidará com as sugestões da Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR, responsável pela investigação de violações de direitos humanos durante a guerra contra o Sendero)?
DEL CASTILLO
- O Apra é o único partido que teve um pronunciamento sério sobre a CVR. Emitiu um pronunciamento sério e de respaldo às suas conclusões. Não temos divergências.

FOLHA - Mas o que um governo do Apra fará sobre as sugestões?
DEL CASTILLO
- Isso se implementa pouco a pouco. O Peru é um país pobre e de prioridades. Há pessoas que não tem o que comer, outras que esperam uma reparação. Entre uma pessoa que não tem o que comer e uma que espera uma reparação, atenderei à que não tem o que comer, que não tem água, que não tem luz.


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