São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grupo fardado seqüestra 50 no Iraque

Vestidos como policiais, captores levam motoristas, passageiros e até vendedores em terminais de Bagdá

DA REDAÇÃO

Pelo menos 50 pessoas foram seqüestradas ontem, em estações de ônibus no centro de Bagdá, por homens armados vestidos com uniformes policiais. Motoristas, passageiros e até vendedores de sanduíches foram capturados.
As vítimas foram levadas em mais de dez veículos, de acordo com testemunhas. O incidente se soma à crescente série de atentados desde a posse do primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, da maioria árabe xiita, há pouco mais de um mês.
Os seqüestradores chegaram no meio da manhã ao distrito comercial de Salihiya e, segundo testemunhas, capturaram as pessoas aleatoriamente. Salihiya concentra várias empresas de transporte, com linhas para a Jordânia, a Síria e o Líbano.
As vítimas tiveram sacos colocados em suas cabeças e foram conduzidas, uma a uma, para os veículos. "Eles pegaram os trabalhadores das companhias e das lojas próximas e não deram nenhuma explicação", disse Haidar Eleibi, funcionário de uma das companhias.
O Ministério do Interior, que comanda a polícia, negou qualquer participação na ação. Nenhum grupo assumiu o ataque.
Em março, numa ação similar, homens armados invadiram uma empresa de segurança e levaram 50 pessoas, muitas delas ex-militares do regime de Saddam Hussein, árabe sunita. Desde então não houve notícia do paradeiro dos reféns.

Impasse político
Apesar da tentativa de formar um governo com representantes das duas forças majoritárias, a animosidade entre árabes xiitas e árabes sunitas não dá mostras de arrefecimento.
A influente Associação dos Clérigos Sunitas divulgou ontem comunicado alertando o governo iraquiano a não realizar ações na Província de Anbar. "As conseqüências seriam perigosas para a sociedade e para o governo." Na última semana, o líder da Al Qaeda no país, Abu Musab al Zarqawi, incentivou os árabes sunitas a pegar em armas contra os xiitas.
O premiê não consegue nomear os ministros da Defesa e do Interior porque parlamentares dos dois grupos não chegam a um acordo. A nomeação é fundamental para que a segurança passe das mãos dos militares dos EUA para as iraquianas. O posto de ministro do Interior deve ir para um árabe xiita, e o de ministro da Defesa, para um árabe sunita.
Os xiitas, porém, recusaram os candidatos apresentados pelos sunitas para a Defesa porque dizem que eles serviam a Saddam. Tampouco se chegou a um consenso para o Interior.
Ao menos 16 pessoas morreram ontem em atentados. O ataque a bomba a uma patrulha militar italiana matou um soldado e feriu quatro.


Com agências internacionais


Texto Anterior: + Entrevista: "O que importa é o voto", diz líder do Apra
Próximo Texto: Timor Leste: Ramos Horta encontra rebeldes; solução política não é alcançada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.