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Acuado, Brown faz reforma e diz que fica
Premiê britânico afirma que "não abandona as pessoas" no dia em que seu Partido Trabalhista sucumbe na eleição local
Minado por crise econômica e escândalo no Parlamento, primeiro-ministro anuncia que tem como prioridades pacotes financeiro e ético
Carl Court/Reuters
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O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, durante entrevista em que justificou reforma do gabinete e disse que não renunciará
DA REDAÇÃO
No dia em que mais quatro
ministros abandonaram seu
governo, e o Partido Trabalhista saiu derrotado das eleições
locais britânicas, o premiê Gordon Brown, pressionado por
membros de sua própria legenda a renunciar, veio ontem a
público anunciar uma reforma
do gabinete e prometer que
permanecerá no cargo.
Após cinco ministros terem
deixado seus cargos ao longo da
semana, ontem foi a vez de
Margaret Beckett (Habitação),
John Hutton (Defesa), Geoff
Hoon (Transportes) e Caroline
Flint (ministra da Europa),
abandonarem o governo, que
tem 22 ministérios.
Ao sair, Flint acusou Brown
de usar as mulheres em seu gabinete como uma mera "vitrine" -maior participação feminina no governo era um compromisso do trabalhista.
No dia anterior, ao sair, James Purnell, até então ministro
do Trabalho, havia pedido que
Brown renunciasse "para dar
aos trabalhistas alguma chance
de vitória nas próximas eleições". A crise econômica e os
recentes escândalos de gastos
abusivos no Parlamento se somam para minar a liderança de
Brown e as chances eleitorais
de seu partido.
"Não vou vacilar, não vou desistir, terminarei meu trabalho", disse ele na entrevista coletiva em que anunciou mudanças em seu gabinete. Em
dupla referência, implícita aos
ex-assessores que o deixaram, e
explícita à situação econômica
do país, disse crer "em não
abandonar as pessoas em momentos de dificuldade".
Entre as principais nomeações, Alan Johnson, muitas vezes citado como possível sucessor de Brown na liderança do
partido -e do país, enquanto
novas eleições não vêm-, saiu
da pasta da Saúde e se tornou
ministro do Interior.
Alistair Darling, ministro das
Finanças, permaneceu no cargo, sem que houvesse mudança
ministerial justamente onde
mais se esperava, na condução
da economia.
Prioridades
Apesar da manutenção, o primeiro-ministro, que enfrenta a
rebeldia de correligionários
que circulam um pedido de
substituição de Brown como líder do partido, disse que era
prioridade sua revigorar a economia, além de terminar o processo de "limpeza" do Parlamento, com novas regras de
conduta para evitar abusos nos
gastos de parlamentares.
Os trabalhistas insatisfeitos
admitiam ontem, segundo reportagem do jornal "The Guardian", que Brown havia conseguido se manter de pé com as
declarações e a reforma de gabinete de ontem, mas garantiam deter ainda o apoio de cerca de 80 parlamentares para
um pedido de substituição do
primeiro-ministro.
Diz o "Guardian" que o pedido pode vir a ser feito publicamente na semana que vem.
Muitos trabalhistas temem
que nas eleições gerais -com
escolha do próximo Parlamento- repita-se o mesmo fracasso
eleitoral para o partido que
emergiu ontem dos resultados
nas eleições de quinta-feira para os legislativos locais.
A eleição nacional está inicialmente prevista para junho
de 2010, mas os conservadores
pedem sua antecipação.
O momento político é deles,
que saíram vitoriosos ontem
nas eleições locais, tomando alguns conselhos regionais tradicionalmente controlados pela
centro-esquerda. Brown descreveu o resultado como "uma
derrota dolorosa" para os trabalhistas.
Segundo projeções da BBC, o
partido do primeiro-ministro
alcançou apenas 23% dos votos, contra 38% do principal
partido opositor, além de chegar atrás até mesmo dos liberal-democratas, que alcançaram 28% do voto direto.
Com agências internacionais
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