São Paulo, sábado, 06 de junho de 2009

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Acuado, Brown faz reforma e diz que fica

Premiê britânico afirma que "não abandona as pessoas" no dia em que seu Partido Trabalhista sucumbe na eleição local

Minado por crise econômica e escândalo no Parlamento, primeiro-ministro anuncia que tem como prioridades pacotes financeiro e ético

Carl Court/Reuters
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, durante entrevista em que justificou reforma do gabinete e disse que não renunciará

DA REDAÇÃO

No dia em que mais quatro ministros abandonaram seu governo, e o Partido Trabalhista saiu derrotado das eleições locais britânicas, o premiê Gordon Brown, pressionado por membros de sua própria legenda a renunciar, veio ontem a público anunciar uma reforma do gabinete e prometer que permanecerá no cargo.
Após cinco ministros terem deixado seus cargos ao longo da semana, ontem foi a vez de Margaret Beckett (Habitação), John Hutton (Defesa), Geoff Hoon (Transportes) e Caroline Flint (ministra da Europa), abandonarem o governo, que tem 22 ministérios.
Ao sair, Flint acusou Brown de usar as mulheres em seu gabinete como uma mera "vitrine" -maior participação feminina no governo era um compromisso do trabalhista.
No dia anterior, ao sair, James Purnell, até então ministro do Trabalho, havia pedido que Brown renunciasse "para dar aos trabalhistas alguma chance de vitória nas próximas eleições". A crise econômica e os recentes escândalos de gastos abusivos no Parlamento se somam para minar a liderança de Brown e as chances eleitorais de seu partido.
"Não vou vacilar, não vou desistir, terminarei meu trabalho", disse ele na entrevista coletiva em que anunciou mudanças em seu gabinete. Em dupla referência, implícita aos ex-assessores que o deixaram, e explícita à situação econômica do país, disse crer "em não abandonar as pessoas em momentos de dificuldade".
Entre as principais nomeações, Alan Johnson, muitas vezes citado como possível sucessor de Brown na liderança do partido -e do país, enquanto novas eleições não vêm-, saiu da pasta da Saúde e se tornou ministro do Interior.
Alistair Darling, ministro das Finanças, permaneceu no cargo, sem que houvesse mudança ministerial justamente onde mais se esperava, na condução da economia.

Prioridades
Apesar da manutenção, o primeiro-ministro, que enfrenta a rebeldia de correligionários que circulam um pedido de substituição de Brown como líder do partido, disse que era prioridade sua revigorar a economia, além de terminar o processo de "limpeza" do Parlamento, com novas regras de conduta para evitar abusos nos gastos de parlamentares.
Os trabalhistas insatisfeitos admitiam ontem, segundo reportagem do jornal "The Guardian", que Brown havia conseguido se manter de pé com as declarações e a reforma de gabinete de ontem, mas garantiam deter ainda o apoio de cerca de 80 parlamentares para um pedido de substituição do primeiro-ministro.
Diz o "Guardian" que o pedido pode vir a ser feito publicamente na semana que vem.
Muitos trabalhistas temem que nas eleições gerais -com escolha do próximo Parlamento- repita-se o mesmo fracasso eleitoral para o partido que emergiu ontem dos resultados nas eleições de quinta-feira para os legislativos locais.
A eleição nacional está inicialmente prevista para junho de 2010, mas os conservadores pedem sua antecipação.
O momento político é deles, que saíram vitoriosos ontem nas eleições locais, tomando alguns conselhos regionais tradicionalmente controlados pela centro-esquerda. Brown descreveu o resultado como "uma derrota dolorosa" para os trabalhistas.
Segundo projeções da BBC, o partido do primeiro-ministro alcançou apenas 23% dos votos, contra 38% do principal partido opositor, além de chegar atrás até mesmo dos liberal-democratas, que alcançaram 28% do voto direto.


Com agências internacionais


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