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Cenário é de cautela e ceticismo
DEBORAH SONTAG
DO "NEW YORK TIMES", EM JERUSALÉM
Israelenses e palestinos reagiram com cautela à declaração feita na segunda-feira por dirigentes
palestinos, na qual foi anunciada
a criação de um Estado palestino
em meados de setembro. Não se
sabe se o gesto deve ser interpretado como uma promessa, uma
ameaça, ou somente um novo
prazo que poderá ser prorrogado.
Nas ruas de Ramallah, os palestinos tentavam controlar seu entusiasmo frente às manchetes que
exaltavam: "Estado palestino no
dia 13 de setembro!". Muitos afirmaram que estariam dispostos a
derramar seu sangue para que o
projeto se realizasse, mas, ao mesmo tempo, disseram que não dão
grande crédito ao anúncio, uma
vez que outras datas supostamente sagradas para o futuro Estado
palestino passaram sem nenhuma realização gloriosa.
Mas existem alguns que afirmam que os líderes palestinos seriam irresponsáveis se declarassem um Estado de maneira unilateral, uma vez que a medida provocaria certamente uma severa
resposta israelense, causando sofrimento aos palestinos.
"Isso traria mais controle nas
fronteiras, outra vez a separação
da Cisjordânia e da faixa de Gaza,
dificuldades econômicas, mais assentamentos israelenses e nenhuma nova libertação de prisioneiros palestinos. Nossos líderes deveriam ser mais racionais", disse
um comerciante de 26 anos.
Em Israel, até mesmo os dirigentes mais moderados, como o
ministro da Justiça, Yossi Beilin,
rechaçaram a idéia de que os palestinos possam abandonar os esforços de paz e proclamar um Estado independente. O ministro
advertiu que um Estado palestino
não teria significado sem o reconhecimento de Israel.
Na segunda-feira, o Conselho
Nacional Palestino expressou
inesperadamente seu compromisso de declarar um Estado palestino em 13 de setembro, sem
considerar se um acordo de paz
com os israelenses poderá ser firmado até a data. É muito pouco
provável que o limite estabelecido
seja respeitado.
Não se esperava que o conselho,
integrado por membros da OLP
(Organização para a Libertação
da Palestina), conferisse tamanha
importância ao prazo.
Pensava-se que a entidade
apoiaria a idéia de estabelecer um
Estado palestino no final do ano,
com o objetivo de diminuir os temores sobre a possibilidade de
um grande aumento da violência
no país, caso a paz não seja alcançada até setembro.
Em lugar disso, os membros do
conselho palestino tomaram uma
decisão arriscada, que impõe um
prazo reduzido para o dirigente
palestino, Iasser Arafat, tomar decisões importantes e faz crescer as
esperanças dos árabes.
A uma rádio israelense, Bassam
Sayeh -um membro do Fatah,
facção da OLP- disse que, ao
mesmo tempo que os palestinos
preferiram conquistar seu Estado
por meio do diálogo, eles também
estavam preparados para um
conflito militar, caso isso se fizesse necessário.
Muitos homens entrevistados
anteontem em Ramallah disseram estar prontos para uma luta
armada. Um palestino idoso disse: "Esperamos mais de 50 anos .
Ninguém pode mais aceitar o
adiamento disso. Iniciamos a Intifada (revolta popular ocorrida
entre 1987 e 1993) com pedras.
Agora já estamos preparados para usarmos pedras e rifles".
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