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DIPLOMACIA
Representantes do Norte e do Sul se reúnem com EUA e China e marcam início simbólico de iniciativa de paz
Começam negociações sobre Coréias
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
de Nova York
Representantes de quatro países
(EUA, China e as Coréias do Sul e
do Norte) deram ontem na Universidade Columbia, em Nova
York, um primeiro passo para chegar a um acordo de paz definitivo
entre as duas Coréias.
O objetivo é reduzir a tensão na
região, dividida entre o Norte, comunista, e o Sul, capitalista, desde
a Guerra da Coréia, que acabou em
1953, quando foi acertado um cessar-fogo, mas não um tratado de
paz definitivo (leia texto abaixo).
A reunião de ontem, que deve
prosseguir hoje, tinha como objetivo definir a agenda e o local dos
futuros encontros para discutir os
termos do acordo.
Um dos motivos para a Coréia do
Norte ter aceitado negociar uma
aproximação com a do Sul é a forte
crise econômica que o país atravessa, agravada desde o início dos
anos 90, quando a derrocada dos
regimes socialistas lhe tirou importante base de sustentação.
Além dos encontros entre os
quatro países, a Coréia do Norte
terá, como pretendia, reuniões bilaterais com os Estados Unidos.
Os norte-coreanos devem receber nova ajuda financeira do governo Clinton, que já lhes deu US$
60 milhões em comida. O Departamento de Estado estuda fornecer
outros US$ 52 milhões em alimentos para o país.
O Programa Mundial de Alimentação da Organização das Nações
Unidas tem relatado que o país vive uma situação catastrófica. Uma
seca que dura mais de dois meses já
devastou 70% das lavouras de milho norte-coreanas e deixando milhões sem alimento.
A Coréia do Norte pretende,
também, convencer os Estados
Unidos a retirar seu boicote econômico contra ela. Atualmente,
empresas norte-americanas são
proibidas de investir no país.
No início da reunião, Charles
Kartman, um dos negociadores
dos EUA, preferiu manter "os pés
no chão" em relação a uma nova
política econômica para a região.
"É muito cedo para falarmos sobre isso, as negociações ainda estão só começando", declarou. "O
encontro de hoje (ontem) tem uma
importância simbólica. As discussões para valer acontecerão numa
outra fase."
Quando as negociações efetivamente começarem, os EUA pressionarão os norte-coreanos a parar de fabricar mísseis e a mudar
sua política militar. "É o primeiro
ponto de que iremos tratar."
Kartman confirmou ainda que
EUA e Coréia do Norte estudarão o
estabelecimento, pela primeira vez
na história, de relações diplomáticas entre os dois países.
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