São Paulo, quarta, 6 de agosto de 1997.



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AMÉRICA
Bolsa mágica

GILBERTO DIMENSTEIN

Uma idéia que custa apenas R$ 31 milhões por ano -menos do que o passe do atacante Ronaldinho- está atraindo a atenção para o Brasil.
A ONU acaba de avaliar o impacto da bolsa-escola implantada em Brasília: 22.415 famílias recebem um salário mínimo por mês para manter seus 43.983 filhos em sala de aula.
O projeto se dissemina pelo país, numa das mais importantes alternativas sociais.


Documento concluído neste mês, elaborado por técnicos de educação, é tão abundante em elogios que o Unicef decidiu divulgar a experiência pelo mundo.
Com patrocínio das Nações Unidas, começa a ser articulado encontro internacional, sediado em Brasília, para troca de informações sobre como vincular combate à pobreza com valorização da escola.


Ao avaliar o desempenho dos alunos-bolsistas, os técnicos informam que caíram a evasão, a repetência e os níveis de aproveitamento escolar. Eles compararam com os indicadores dos que não receberam a bolsa.
Entende-se por que o aluno não sai da escola. Afinal, a família perderia o dinheiro. Mas por que melhorou a produtividade?
Ninguém sabe ainda. A suspeita é que, ao se sentir valorizado, o aluno demonstre mais empenho. Hipótese razoável, diga-se.


O documento avalia que, com a bolsa-escola, o poder público, além de estimular a economia das pequenas comunidades, também consegue economizar recursos.
Com a queda da repetência, foram economizados R$ 4 milhões por ano.
Aqui está um dos grandes focos de desperdício nacional. Para completar oito anos de escola, um brasileiro leva, em média, 12 anos.


PS - Há o costume de dizer que a corrupção faz parte da alma nacional. Uma pesquisa feita pela escola Positivo perguntou a 2.220 pais qual a ênfase que dão na formação dos filhos. Em primeiro lugar veio honestidade, depois amizade, justiça, solidariedade e companheirismo.
A pesquisa confere com a suspeita de que o país está mudando mais rapidamente do que nós, da imprensa, percebemos.


Gilberto Dimenstein escreve às quartas-feiras e aos domingos
Fax: (001-212) 873-1045
E-mail gdimen@aol.com



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