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ORIENTE MÉDIO
Grupos falam em ataques
Hizbollah e Hamas fazem nova ameaça
CLÓVIS ROSSI
enviado especial a Jerusalém
A guerra verbal entre israelenses e palestinos (e árabes em
geral) subiu
muito de tom
ontem, ao mesmo tempo em
que dois diferentes grupos radicais
islâmicos renovavam ameaças de
praticar, imediatamente, atentados contra o Estado judeu.
Iasser Arafat qualificou de "medidas criminosas, para matar de
fome o povo palestino", as providências adotadas por Israel desde
o atentado ao mercado.
Do lado israelense, devolve o
premiê Binyamin Netanyahu: "A
partir do momento em que uma
autoridade não mostra vontade de
enfrentar o terrorismo, se torna
parceira do terrorismo".
Arafat contra-atacou: disse, na
Jordânia, que seus assessores informaram que até a inteligência israelense tem indícios de que os terroristas do mercado vieram de
áreas fora do controle da ANP.
"Que culpa tem, então, o povo
palestino?", perguntou o presidente da ANP.
Netanyahu respondeu também a
essa observação. Admitiu que a
procedência dos dois terroristas
ainda é desconhecida, mas acrescentou: "É razoável supor que,
fossem de onde fossem os terroristas, foram ajudados pela infra-estrutura dos residentes e organizações locais, o que é decisivo".
Para o premiê, "a infra-estrutura é montada, organiza (atentados) e age dentro das áreas da Autoridade Palestina". Insiste: "Paz e
terror não podem coexistir".
Retórica de fogo
Até a Autoridade Monetária Palestina, uma espécie de incipiente
Banco Central, entrou na batalha
verbal, em comunicado no qual
detalha todos os problemas causados aos negócios e ao cotidiano palestinos pelo bloqueio israelense.
A lista termina com a afirmação
de que "as repressivas ações de Israel só têm servido para fortalecer
o desejo dos palestinos de conseguir um Estado palestino com Jerusalém como eterna capital".
Em uma só frase uma entidade
supostamente técnica toca em dois
pontos cruciais, ainda pendentes
entre Israel e palestinos: o destino
de Jerusalém, reivindicada como
capital por ambas as partes, e a formação de um Estado palestino, hipótese que Israel recusa.
Idêntica retórica inflamada saiu
de dois diferentes grupos extremistas islâmicos, o Hizbollah
(Partido de Deus) e o Hamas (Movimento de Resistência Islâmico).
Na cidade libanesa de Nabatieh,
o enterro de quatro dos cinco militantes do Hizbollah mortos anteontem por comandos israelenses
transformou-se num comício,
com 8.000 pessoas e gritos de
"morte a Israel".
Já o Hamas emitiu um segundo
comunicado cobrando a libertação de seus presos e prometendo
atacar já, inclusive com "homens-bomba". O prazo inicial para Israel libertar os presos do Hamas venceu às 21h de domingo
(15h em Brasília).
Outro enterro que virou comício
foi o de Issa Missif, palestino morto a tiros, domingo, supostamente
por colonos judeus. "Não nos
renderemos", "morte aos judeus", eram os gritos.
Foi um ambiente exatamente
igual a esse que precedeu os atentados do primeiro trimestre de 96,
nos quais morreram 57 pessoas, o
que desmoralizou o governo trabalhista de Shimon Peres.
Netanyahu elegeu-se nessas condições, prometendo paz com segurança. Agora, não há nem uma
coisa nem a outra, mas Netanyahu
não abranda: mais 11 prisões foram feitas ontem, elevando para
156 o número total de detidos desde o atentado ao mercado Mahane
Yehuda, há uma semana.
Seguem, igualmente, as demolições de casas de palestinos. Ontem, foram três, na região de Hebron. São construções ilegais, diz o
governo israelense.
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