São Paulo, quarta, 6 de agosto de 1997.



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Palestinos dizem que 10 mil grávidas correm risco

do enviado especial

O Ministério palestino da Saúde informou ontem que cerca de 10 mil mulheres grávidas, todas residentes na faixa de Gaza, correm risco de vida juntamente com seus filhos, em consequência do bloqueio israelense.
O risco decorre ou da falta de medicamentos ou da impossibilidade de as mulheres e os próprios médicos chegarem aos hospitais, quando têm de se deslocar de um ponto a outro dos territórios palestinos, separados por terras israelenses.
O ministro Riad Zaanoun lembrou que, em bloqueios anteriores, 36 crianças nasceram mortas, pela demora no atendimento às gestantes.
Desta vez, a situação tende a ser mais grave, porque, ao contrário de ocasiões anteriores, Israel montou um cerco tão completo que não poupa nem sequer os mais remotos vilarejos palestinos.
É o caso, por exemplo, de Beit Iksa (a noroeste de Jerusalém), cujo acesso foi bloqueado por uma enorme vala, embora apenas 30 famílias morem na vila.
Além dos problemas sanitários, há perdas econômicas sensíveis, acusa o Ministério da Agricultura, porque os agricultores não conseguem levar sua produção para os centros de consumo.
O Ministério da Indústria calcula, de seu lado, que as fábricas de Gaza e da Cisjordânia estão perdendo cerca de US$ 1,8 milhão por dia, em consequência do bloqueio.
"Móveis"
As queixas palestinas não comovem o governo israelense. No máximo, David Bar-Illan, um dos principais assessores do premiê Binyamin Netanyahu, admite tornar "móveis" as punições.
"Se sentirmos que os palestinos estão fazendo algumas das coisas que deveriam fazer, haverá um relaxamento de algumas medidas."
Bar-Illan tem a seguinte lista de tarefas para a ANP: "Entregar 31 pessoas procuradas por terrorismo, prender 120 palestinos libertados das cadeias locais, desarmar os militantes islâmicos e prender seus líderes, parar com a propaganda antiisraelense e retomar a troca de informações de inteligência".
Pedido semelhante foi feito na noite de segunda pelo chanceler David Levy a Abu Mazen, o segundo homem na hierarquia palestina, em telefonema dado por este.
Levy pediu a prisão de 150 extremistas islâmicos, conforme lista entregue à ANP por Israel. "São bombas-relógio humanas", definiu-os o chanceler de Israel. (CR)


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