do enviado especial

Na esteira do conflito Israel-palestinos, a Síria escalou as ameaças verbais a Israel, como ocorreu anteontem em emissões da Rádio Damasco, porta-voz do regime do presidente Hafez al Assad.
"O choque a ser causado em Israel será extremamente devastador", anunciou o locutor, sem, é claro, entrar em detalhes.
Mas a conclamação seguinte soou exatamente como nos velhos tempos do conflito do Oriente Médio: "Os nobres árabes destruirão as ilusões israelenses".
As Forças Armadas de Israel têm motivos para suspeitar de que pode não se tratar apenas de bravatas, usuais numa região em que o conflito é permanente.
Segundo o jornal "Maariv", um graduado oficial das Forças Armadas, ao depor no Comitê de Segurança e Assuntos Externos do Knesset (Parlamento), disse que "os sírios estão construindo condições para um ataque surpresa".
Mas acrescentou que, até agora, a inteligência israelense não percebeu "intenções concretas" de atacar Israel.
Mísseis disponíveis
De todo modo, a visita do presidente Assad no fim-de-semana passado ao Irã, após 18 anos sem ir a Teerã, inquietou o governo israelense: "Não é bom sinal. Continuaremos a acompanhar essa aproximação muito de perto e, se necessário, tomaremos medidas", disse o ministro da Defesa, Yitzhak Mordechai.
Há dois meses, Mordechai já havia dito que "os sírios têm centenas de mísseis Scud que podem alcançar qualquer ponto de Israel".
Na avaliação de Barry Rubin, especialista do jornal "The Jerusalem Post", a visita de Assad ao Irã seria uma demonstração de que seu país tem a fonte de armamentos e financiamento para tornar crível a ameaça de retomar pela força as colinas do Golã.
Síria e Israel continuam tecnicamente em guerra, desde que, em 1967, os israelenses tomaram as colinas, na fronteira entre os dois países. A devolução do Golã é considerada pelos sírios condição indispensável para um acordo de paz com Israel. Mas o governo Netanyahu, em campanha, prometeu jamais devolver as colinas. (CR)


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