São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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EUROPA

Rótulo terá de advertir sobre os riscos do álcool para gestantes; produtores de vinho dizem que atitude é sensacionalista

Bebida francesa terá alerta para grávidas

MARK JOHN
DA REUTERS, EM PARIS

O governo francês ordenou aos fabricantes de bebidas alcoólicas que afixem rótulos a seus produtos avisando as mulheres dos perigos do consumo de álcool na gravidez. É uma iniciativa polêmica, num país em que o vinho é uma instituição nacional.
A decisão foi tomada depois que um promotor público abriu uma investigação para decidir se o setor de bebidas alcoólicas pode ser responsabilizado legalmente pelos danos provocados a fetos pelo consumo de álcool de suas mães.
""O consumo de álcool durante a gravidez é muito arriscado para o feto. De fato, é uma das maiores causas de retardo mental", disse o ministro da Saúde, Philippe Douste-Blazy, ex-médico. Segundo ele, os rótulos das bebidas alcoólicas devem recomendar a abstinência total para grávidas.
As bebidas alcoólicas vendidas nos EUA trazem avisos de saúde há anos, mas até agora a França insistia que apenas os comerciais de bebidas deveriam ser acompanhados de tais avisos.
O pediatra Philippe Dehaene, especializado no efeito do álcool sobre fetos, disse que cerca de 1% dos bebês nascidos na França todos os anos sofrem os efeitos do álcool consumido por suas mães.
A reação da indústria de bebidas foi fria. ""O consumo de álcool durante a gravidez é um problema sério que exige ser debatido seriamente, em lugar de ser alvo de tentativas de fazer manchetes", declarou Jerome Agostini, presidente do grupo CNIV, que representa o setor vinícola francês. Ele sugeriu que uma campanha de informação pública voltada às grávidas poderia ser mais eficaz.
Em janeiro, o governo havia manifestado oposição a uma tentativa de impor o uso de rótulos feita por uma senadora.
Mas a questão chegou aos jornais nesta semana, quando veio à tona que o promotor público de Lille, no norte da França, analisava uma queixa contra a indústria de bebidas movida por um grupo de mães que afirmam não ter sido adequadamente informadas dos riscos do álcool para a sua saúde.
Em 2002, o governo lançou uma campanha para mudar a atitude indulgente em relação aos motoristas que dirigem alcoolizados.
Lideranças do setor vinícola francês, preocupadas com a queda nas vendas, vêm pedindo um afrouxamento das leis que restringem os anúncios.


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