São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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ERA PUTIN

Legislativo russo corta subsídios da era soviética

CAROLINA VILA-NOVA
DA REDAÇÃO

Em meio a protestos populares, o Parlamento russo aprovou ontem um projeto controverso de reforma social impulsionado pelo Kremlin que elimina uma série de subsídios da era soviética.
Pela medida, benefícios destinados a idosos, deficientes, aposentados, mães solteiras e veteranos de guerra -como transporte e medicamentos gratuitos- serão substituídos por pagamentos mensais em dinheiro.
Os pagamentos variam de US$ 5 a US$ 55 - valores considerados insuficientes para compensar os cortes. Estima-se que 14 milhões de russos venham a ser afetados. Com aval da Duma (Câmara Baixa do Parlamento), na qual o governo de Vladimir Putin tem maioria, o projeto deve passar ainda pela Câmara Alta. Caso seja aprovado, vai à sanção presidencial.
Treze pessoas foram detidas em protestos contra o projeto. "As compensações são uma gozação", disse Lyubov Sayanskaya, 65, um dos manifestantes. "Os preços estão disparando, e os pagamentos serão comidos pela inflação."
"Gastos com pessoas que recebem benefícios subirão mais de quatro vezes", disse Boris Gryzlov, presidente da Duma e aliado de Putin, ao justificar o projeto. O Kremlin disse que gastará US$ 6 bilhões em compensações em 2005, contra US$ 1,4 bilhão para subsídios em 2004.
A iniciativa russa está em linha com as reformas sociais executadas -também em meio a controvérsias- em países como a França e a Alemanha.
"É um desmonte do Estado, mas não é algo repentino, é gradativo", avaliou Lytton Leite, especialista em Rússia da Universidade de Brasília, lembrando que o país passou a permitir a posse privada de terra há três anos.
"[A medida] faz parte de um esforço do Estado russo para ter mais recursos", explicou à Folha. "A Rússia quer se modernizar, diminuir o Estado, que não tem condições de manter isso [os subsídios]. Mas as pessoas vão perder acesso a muitos benefícios."


Com agências internacionais

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