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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Incidente de Nablus pode enfraquecer ainda mais Abu Mazen

Israel implode prédio em caça a líder do Hamas

DA REDAÇÃO

Agentes especiais israelenses implodiram ontem um prédio de sete andares, em Nablus, durante ação na cidade da Cisjordânia ocupada para prender um dirigente do grupo terrorista palestino Hamas que se refugiara no poço do elevador.
Como desdobramento político, a violenta ação israelense poderá comprometer a sobrevivência do governo do premiê palestino, o moderado Mahmoud Abbas, mais conhecido como Abu Mazen. Um israelense também foi morto e quatro outros ficaram feridos na ação.
O terrorista do Hamas que morreu sob os escombros tinha 27 anos e se chamava Mohammad Al Hanbali. As 28 famílias moradoras no edifício foram avisadas pelos militares a deixarem o prédio rapidamente. Elas perderam seus pertences e ficaram desabrigadas. Um porta-voz de Israel reconheceu que a ação fez vítimas inocentes, mas disse que o país precisa combater o Hamas, responsável por dezenas de atentados contra civis israelenses.
Os Estados Unidos criticaram a operação por meio de Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado.
O espetáculo da implosão do prédio deverá municiar adversários dos esforços de Mazen de implantar o plano de paz apoiado pelos EUA e de persuadir o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, a ceder o controle das forças de segurança.
Segundo o Exército israelense, um de seus comandos penetrou no prédio para prender Hanbali, que abriu fogo a partir de um poço de elevador no qual estava escondido. Israel afirma que ele era o comandante militar do Hamas no norte da Cisjordânia e fora responsável por dezenas de mortes de civis israelenses.
O governo Mazen está sendo avaliado pelo Parlamento palestino, que pode votar uma moção de desconfiança de seu governo na próxima semana.
Mazen e Arafat estão em conflito aberto. O presidente da ANP, descartado da condição de interlocutor por americanos e israelenses, procura reconquistar seu antigo espaço político por meio do enfraquecimento ou da queda de Mazen.
Já Mazen, com pouco apoio entre os palestinos, ficou ainda mais enfraquecido com o fim da trégua anunciada pelos grupos terroristas palestinos, em 29 de junho. Após pequenos atos violentos das duas partes, a trégua ruiu após atentado suicida do Hamas em Jerusalém, em 19 de agosto, que matou 22 israelenses. Desde então, Israel fez ataques de helicóptero em Gaza que mataram 11 membros do Hamas. Acuado, o grupo terrorista já se diz disposto a negociar nova trégua em negociações no Egito, país que intermediou o primeiro cessar-fogo.
Na Itália, onde os 15 chanceleres da União Européia estavam ontem informalmente reunidos, o chefe da diplomacia do Reino Unido, Jack Straw, disse haver a partir de agora um consenso europeu para classificar o braço político do Hamas como terrorista. Só o braço armado do grupo é classificado assim hoje.
Em Gaza, cerca de 2.000 pessoas saíram às ruas para apoiar o Hamas e para exigir retaliação contra os mísseis que Israel tem lançado de helicóptero contra o grupo.


Com agências internacionais


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