São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2004

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EUA

Ventos perdem força ao se aproximar do Estado, mas furacão atinge área maior do que o previsto; 2,5 milhões deixaram suas casas

Frances deixa 4 milhões sem luz na Flórida

Dave Martin/Associated Press
Carro atravessa estrada que foi danificada pelo furacão Frances em Jensen Beach (Flórida)


RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

O furacão Frances chegou no fim de semana à Flórida, nos EUA, causando um apagão que atingiu cerca de 4 milhões de pessoas (um quarto da população do Estado), arrancando telhados, virando barcos e derrubando árvores. O fornecimento de água também foi afetado.
A estimativa dos atingidos pelo corte de energia baseia-se no relato do governador do Estado, Jeb Bush -irmão do presidente.
Embora o Frances tenha perdido força ao se aproximar da Flórida, também diminuiu sua velocidade, aumentando o tempo de permanência sobre a região e afetando uma área maior do que a inicialmente prevista.
O governador Bush alertou os moradores de que deveriam continuar atentos, apesar de as autoridades meteorológicas terem rebaixado o alerta para algumas regiões do Estado de "furacão" para "tempestade tropical" (menos perigosa).
"Tempestades tropicais criarão muitos danos, haverá muitas enchentes", afirmou.
Nenhuma morte foi relatada como conseqüência da chegada do furacão, mas as autoridades do Estado afirmam que os danos da tempestade serão amplos e deve demorar semanas para que a rotina da região volte à normalidade.
Mais de 2,5 milhões de pessoas deixaram suas casas nos últimos dias -a maior fuga desse tipo na história da Flórida-, por temerem as conseqüências do Frances. Permanece a recomendação, para aqueles que deixaram o Estado, de não retornarem até aviso em contrário. Para os que ficaram, de não saírem de dentro de casa.
Apesar disso, os aeroportos de Miami e Fort Lauderdale foram reabertos ontem, com restrição no número de vôos. O aeroporto de Orlando permanecia fechado. Tam, Varig e American Airlines estariam regularizando seus vôos para Miami hoje.

Escaldados
Parte do pânico provocado pela chegada do Frances deve-se ao tamanho dos estragos provocados pelo furacão Charley, que atingiu o Estado há três semanas. Economistas avaliam que o prejuízo causado pelos dois furacões juntos pode chegar a US$ 40 bilhões. Apenas no Frances, os estragos podem somar até US$ 10 bilhões.
Mais de 80 mil pessoas ficaram desabrigadas, 27 pessoas morreram e milhares de construções foram danificadas durante a passagem do Charley.
Na cidade de Vero Beach, uma das mais atingidas até agora, o prefeito afirmou que toda a região estava sem luz ou água porque as chuvas trazidas pelo furacão haviam inundado a usina de energia elétrica. "Nada se compara ao Frances", disse. "Ele provocou muitos estragos devido às inundações e aos ventos."
Na região de Orlando, cerca de 240 mil moradores ficaram sem luz por volta do meio-dia de ontem. Bombeiros foram chamados para apagar um incêndio causado pelo furacão num restaurante da cidade. Ruas também foram interrompidas devido à queda de árvores. Moradores de áreas baixas e trailers foram exortados a abandonarem suas casas.
"Estou pedindo às pessoas que não saiam e dirijam agora", disse o prefeito de Orlando, Buddy Dyer. "Os ventos estão muito fortes nesse momento."
O furacão chegou à Flórida depois de ter provocado estragos e inundações nas Bahamas. Duas mortes foram registradas -numa delas, um homem de 18 anos morreu eletrocutado ao tentar ligar um gerador de energia.

Preparativos
Ao todo, 325 abrigos estavam abertos para receberem pessoas na Flórida. Na tarde de sábado, mais de 70 mil pessoas já se encontravam hospedadas nesses locais, segundo o governo local. Abrigos nos Estados vizinhos da Geórgia e Carolina do Sul também se diziam preparados para receber pessoas que tiveram que deixar suas casas da Flórida para fugir do furacão.
A Agência Federal de Gerência de Emergências afirmou ter 4.500 funcionários preparados para ajudar nos esforços de recuperação. Outros 1.500 continuavam trabalhando com os afetados pelo furacão Charley.
O governador do Estado afirmou que os flagelados pelas tempestades do mês passado não seriam esquecidos com a chegada do Frances.
"Não vamos tirar um centavo ou um "grama" de energia das pessoas que ainda estão se recuperando da tempestade que os atingiu três semanas atrás", declarou Jeb Bush.
A agência de emergências também previu a distribuição de um milhão de refeições por dia -além de água e gelo- para moradores da Flórida depois da passagem do furacão. A Cruz Vermelha anunciou ajuda para os desabrigados em 82 abrigos da organização.


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