São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / CRISE EM FOCO

Economia domina reinício da campanha

Formalizados candidatos, Obama e McCain voltam às ruas no dia em que EUA registram maior desemprego em cinco anos

Adversários defendem duas soluções distintas para crise pela qual o país passa; para analistas, debate sobre o tema favorece democratas


ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Uma vez oficializados candidatos em suas respectivas convenções partidárias, o democrata Barack Obama e o republicano John McCain retomaram ontem a corrida à Casa Branca, 60 dias antes da eleição, focando a preocupação número um dos eleitores americanos: a economia.
O tema dominou o noticiário de ontem devido à divulgação dos números do desemprego, que atingiram em agosto o maior nível em quase cinco anos nos EUA, 6,1%. Tal cenário é desfavorável a McCain, cujo ponto fraco nesta campanha -na visão do eleitor, segundo pesquisas de opinião- é a imperícia econômica.
Além disso, crises econômicas em curso costumam prejudicar os candidatos governistas, como ocorreu em 1980 com o democrata Jimmy Carter e em 1992 com o republicano George Bush.
Um dos reflexos disso é que, nesta semana, a Convenção Republicana tentou levar o foco dos eleitores para a discussão sobre valores morais e para as diferenças de personalidade e experiência entre McCain e seu adversário, enquanto os democratas, na semana anterior, fizeram da crise o tema central.
Ontem, Obama usou os números do Departamento do Trabalho para colar a imagem do rival à do atual governo, cuja impopularidade chega a 70%.
"[McCain quer] continuar as políticas econômicas que neste ano levaram à perda de 605 mil empregos. O relatório é uma forte lembrança do que está em jogo nestas eleições", afirmou, em campanha na Pensilvânia.

Distanciamento
Já McCain, que passou a tentar vender a imagem de reformista, não demorou a emitir nota dizendo que "Washington falhou em agir" quanto à crise.
"Os americanos estão sofrendo, e precisamos agir para criar empregos", disse. Ele prometeu aprovar um programa para criação de postos de trabalho e treinamento para adaptar desempregados a um mercado que passa por mudança.
A diferença entre os dois partidos na abordagem do problema é clara. Tomando-se o número de menções a temas ligados à economia pelos principais oradores das convenções partidárias, republicanos e democratas praticamente se equiparam. Mas enquanto para os governistas economia se traduz em "negócios" e "redução de impostos", para a oposição ela é hoje definida por "crise" e "empregos".
Ontem, Obama sugeriu ao Congresso um novo pacote de estímulo econômico que injetaria US$ 100 bilhões, com base em um plano já divulgado, e prometeu um corte de impostos que somaria US$ 1.000 para a classe média. Já McCain voltou a defender um dos pilares da plataforma republicana: cortes de impostos para empresa, o que, ele afirma, ajudará a criar empregos.


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