São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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Para analistas, convenções não alteram panorama eleitoral

DE NOVA YORK

As convenções partidárias encerradas anteontem não deverão alterar substancialmente o cenário da disputa eleitoral nos EUA, com a exposição do republicano John McCain nesta semana anulando a vantagem que Barack Obama havia obtido após o encontro democrata, na semana passada.
Analistas ouvidos pela Folha acreditam que ambas as convenções serviram para consolidar a base dos eleitorados de cada partido, mas não bastaram para definir o voto do eleitorado independente.
Como é comum em convenções, o evento democrata foi seguido por um crescimento de Obama nas pesquisas de opinião. A média das últimas pesquisas calculada pelo Real Clear Politics mostra o democrata com 46,6% da preferência, contra 44% de McCain. Mas os estudos, feitos entre 29 de agosto e anteontem, ainda não abarcam todo o impacto da Convenção Republicana.
Ontem, o levantamento diário feito pelo Instituto Rasmussen mostra que o empate técnico entre os candidatos está voltando: o democrata tem 46% e o republicano, 45%, com margem de erro de dois pontos.
Segundo o analista sênior do Instituto Brookings Stephen Hess, "o balanço final é que as duas convenções foram muito boas e acabaram se anulando".
Os independentes, para Hess, têm motivos para pender para ambos os lados e até agora não foram conquistados definitivamente -nem mesmo pelas tentativas de McCain de se mostrar como reformista e livre de amarras partidárias.
Talvez porque, paradoxalmente, "nenhuma das propostas políticas de McCain tenha fugido dos pilares do governo Bush ou da ortodoxia republicana", disse outro analista do Brookings, Thomas Mann.
Outra estratégia do republicano, de reforçar seu passado de prisioneiro de guerra no Vietnã, também é alvo de dúvida dos analistas. "McCain é certamente um homem honrado, mas sua história de herói de guerra não é determinante para as eleições", afirma Hess.

Bases satisfeitas
Por outro lado, tanto situação quanto oposição tiveram grandes êxitos ao unir os partidos e conquistar o apoio de suas bases. "Obama precisava agradar os eleitores que nas primárias votaram em Hillary Clinton, democratas mais tradicionais; McCain precisava mostrar aos conservadores que seu governo seria uma resposta a seus anseios. Ambos foram bem-sucedidos", afirma Clint Hender, analista político da Universidade Columbia.
Do lado republicano, porém, faz ressalvas à arma de McCain para atrair os conservadores, a indicada à Vice-Presidência Sarah Palin. "Quando começarem a debater temas como economia e sistema de saúde, o entusiasmo com ela vai esvaecer."
Na disputa da audiência, ao menos, McCain saiu vencedor ante Obama: superou o recorde que havia sido estabelecido pelo democrata em seu discurso, com 38,9 milhões contra 38,3 milhões de espectadores.
(AM)



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