São Paulo, domingo, 06 de setembro de 2009

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Republicanos já falam em bater o presidente em 2012

DE WASHINGTON

Os percalços de Barack Obama aos nove meses de mandato têm pelo menos um efeito secundário: reviveram o Partido Republicano, que desde a vitória do democrata e a perda de controle de ambas as Casas andava em crise existencial.
Ao longo do mês de agosto, a oposição começou a capitalizar a reação negativa de boa parte do eleitorado à proposta de reforma da saúde pública americana defendida por Obama. Os protestos que pipocaram nos encontros populares promovidos pelo presidente e por políticos democratas para defender o plano foram canalizados pela agremiação de George W. Bush.
A eles se juntaram as chamadas "festas do chá", eventos no país inteiro de opositores à grande presença atual do Estado na economia -a referência é à Boston Tea Party, protesto de 1773 contra os britânicos, que viraria um símbolo da luta pela independência americana.
Para esta semana, o comando nacional republicano anunciou a junção das "festas do chá" aos descontentes da reforma da saúde numa série de protestos em Washington, para receber o Congresso, que depois de amanhã volta do recesso. O partido pediu ainda tempo nas emissoras que exibirão o discurso de Obama para apresentar seu "contradiscurso" a seguir.
"O partido na oposição tem tido esse direito tradicionalmente não só quando o presidente faz o discurso sobre o Estado da União, mas sempre que vai ao Congresso para falar em sessão conjunta", escreveu às emissoras John Boehner, líder dos republicanos na Câmara dos Representantes (deputados federais). Até a conclusão desta edição, ainda não estava certo se o tempo para a réplica seria dado nem por quais TVs.
Nos últimos dias, também, os republicanos passaram a falar de um assunto até então impensável, pela antecedência e pelo desânimo que tomava a agremiação até o reverso da fortuna obamista: a sucessão presidencial de 2012. Começam a aparecer novos nomes, como o do general David Petraeus, comandante de Bush no Iraque e responsável pela implantação da escalada determinada pelo republicano e à qual é atribuída parte do sucesso relativo do conflito no país.
De novo, os republicanos recorrem à comparação de Obama com Lyndon Johnson e Jimmy Carter, ambos presidentes democratas de um mandato só. Ao site Politico, Liz Cheney, filha do ex-vice-presidente de Bush, disse que é "absolutamente possível" que um republicano ganhe a disputa. "Os eleitores independentes, que são tão importantes, vão voltar ao Partido Republicano quando perceberem que nós somos mais confiáveis tanto em economia como em segurança nacional."
Dick Cheney, aliás, voltou às conversas não só como o rosto mais evidente do partido, cargo que assumiu ao tomar a dianteira das críticas à política de segurança de Obama. Ele seria o candidato ideal a vice numa chapa liderada pela ex-governadora do Alasca Sarah Palin, defendem alguns. "Palin e Cheney em 2012?", pergunta-se o comediante e apresentador David Letterman. "É o fim da recessão da comédia." (SD)


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