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Republicanos já falam em bater o presidente em 2012
DE WASHINGTON
Os percalços de Barack Obama aos nove meses de mandato
têm pelo menos um efeito secundário: reviveram o Partido
Republicano, que desde a vitória do democrata e a perda de
controle de ambas as Casas andava em crise existencial.
Ao longo do mês de agosto, a
oposição começou a capitalizar
a reação negativa de boa parte
do eleitorado à proposta de reforma da saúde pública americana defendida por Obama. Os
protestos que pipocaram nos
encontros populares promovidos pelo presidente e por políticos democratas para defender
o plano foram canalizados pela
agremiação de George W. Bush.
A eles se juntaram as chamadas "festas do chá", eventos no
país inteiro de opositores à
grande presença atual do Estado na economia -a referência é
à Boston Tea Party, protesto de
1773 contra os britânicos, que
viraria um símbolo da luta pela
independência americana.
Para esta semana, o comando
nacional republicano anunciou
a junção das "festas do chá" aos
descontentes da reforma da
saúde numa série de protestos
em Washington, para receber o
Congresso, que depois de amanhã volta do recesso. O partido
pediu ainda tempo nas emissoras que exibirão o discurso de
Obama para apresentar seu
"contradiscurso" a seguir.
"O partido na oposição tem
tido esse direito tradicionalmente não só quando o presidente faz o discurso sobre o Estado da União, mas sempre que
vai ao Congresso para falar em
sessão conjunta", escreveu às
emissoras John Boehner, líder
dos republicanos na Câmara
dos Representantes (deputados federais). Até a conclusão
desta edição, ainda não estava
certo se o tempo para a réplica
seria dado nem por quais TVs.
Nos últimos dias, também, os
republicanos passaram a falar
de um assunto até então impensável, pela antecedência e
pelo desânimo que tomava a
agremiação até o reverso da
fortuna obamista: a sucessão
presidencial de 2012. Começam a aparecer novos nomes,
como o do general David Petraeus, comandante de Bush no
Iraque e responsável pela implantação da escalada determinada pelo republicano e à qual é
atribuída parte do sucesso relativo do conflito no país.
De novo, os republicanos recorrem à comparação de Obama com Lyndon Johnson e
Jimmy Carter, ambos presidentes democratas de um mandato só. Ao site Politico, Liz
Cheney, filha do ex-vice-presidente de Bush, disse que é "absolutamente possível" que um
republicano ganhe a disputa.
"Os eleitores independentes,
que são tão importantes, vão
voltar ao Partido Republicano
quando perceberem que nós
somos mais confiáveis tanto
em economia como em segurança nacional."
Dick Cheney, aliás, voltou às
conversas não só como o rosto
mais evidente do partido, cargo
que assumiu ao tomar a dianteira das críticas à política de
segurança de Obama. Ele seria
o candidato ideal a vice numa
chapa liderada pela ex-governadora do Alasca Sarah Palin,
defendem alguns. "Palin e Cheney em 2012?", pergunta-se o
comediante e apresentador David Letterman. "É o fim da recessão da comédia."
(SD)
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