Declaração é resposta a apelo de filho da iraniana condenada a morrer apedrejada

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Vaticano disse ontem que poderá intervir, por meio de canais diplomáticos, em apoio à iraniana Sakineh Ashtiani, sentenciada à morte por apedrejamento após ser condenada por adultério e pelo assassinato do seu ex-marido.
A declaração do porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, ocorre após o filho dela, Sajjad Ghaderzadeh, ter apelado ao papa Bento 16 e ao governo da Itália, em entrevista, para que salvem a vida da mãe.
"A Santa Sé acompanha o caso com atenção e participação", diz Lombardi, em comunicado.
Segundo ele, quando há um pedido por intervenção referente a outro Estado, o Vaticano age por meios diplomáticos.
As declarações também foram feitas um dia após o filho de Sakineh ter informado que ela teria sido condenada a 99 chicotadas por ter permitido que o jornal "Times", de Londres, divulgasse suposta foto sua.
A afirmação é baseada em relatos de detentas libertadas da prisão de Tabriz, onde está Sakineh, mas não foi confirmada oficialmente pelo governo iraniano.
A imagem foi publicada no último dia 28 e mostra uma mulher sem véu apresentada como sendo Sakineh.
Mas tratava-se na realidade da ativista política iraniana Susan Hejrat, que vive no exílio na Suécia. O "Times" se desculpou pelo erro.
"Minha mãe foi chamada à presença de um juiz, e ele a condenou a 99 chibatadas. Isso por uma falsa acusação de difundir a indecência em razão de uma foto que se presumia era dela sem o hijab [um dos tipos de véus utilizados pelas mulheres iranianas]", afirmou o filho de Sakineh ao jornal britânico "Observer".
Segundo ele, a sentença adicional ainda não foi aplicada, pelas informações disponíveis. "Assim que recebi as desculpas do "Times", informei o advogado e vamos entrar com uma apelação", disse Ghaderzadeh.
A sentença de Sakineh à morte por apedrejamento gerou campanha mundial contra a punição, que foi temporariamente suspensa.


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