São Paulo, Segunda-feira, 06 de Setembro de 1999
Próximo Texto | Índice

AMEAÇA À PAZ
Mortos seriam extremistas que buscavam atingir civis israelenses; bombas explodiram antes da hora
Atentados matam três em Israel

das agências internacionais

Editoria de Arte/Folha Imagem
O que sobrou do carro com dois ocupantes em Tiberíades


Dois carros-bombas explodiram ontem em duas cidades no norte de Israel, matando ao menos três pessoas, dentro desses carros, menos de 24 horas depois que palestinos e israelenses firmaram um acordo para reavivar o processo de paz.
O premiê Ehud Barak disse que Israel não vai tolerar "nenhum tipo de violência ou terrorismo contra civis inocentes" e que uma investigação está sendo realizada. Ele não afirmou, no entanto, ter a intenção de congelar o processo de paz.
A primeira explosão aconteceu em Tiberíades e a segunda (cerca de meia hora mais tarde), em Haifa, pouco depois de o gabinete de Barak ter aprovado a reformulação do acordo de paz de Wye Plantation, firmado em outubro do ano passado, nos EUA.
Acredita-se que os três mortos (aparentemente, ao menos dois deles seriam palestinos) sejam os autores das tentativas de atentado, segundo a polícia israelense. A explosão prematura da bomba teria sido a causa das mortes.
Ao menos outras duas pessoas ficaram feridas em Tiberíades -uma delas com gravidade. Segundo o hospital Poria, ela não correria risco de vida.
Nenhum grupo reivindicou a autoria dos atentados, mas a polícia disse suspeitar de extremistas islâmicos. "Eles (os extremistas) querem a interrupção do processo de paz. Nós queremos continuar", disse Ephraim Sneh, vice-ministro da Defesa de Israel, que atribuiu as explosões a "organizações terroristas".
Apesar de não reivindicar a autoria das explosões, o grupo extremista islâmico Hamas, palestino, disse ontem que "manterá a resistência contra a ocupação" israelense.
"Embora não conheçamos a história completa, gostaria de manifestar a firme política de tolerância zero da Autoridade Nacional Palestina" em relação a ataques terroristas, disse o negociador palestino Saeb Erekat, que liderou a equipe de palestinos nas últimas negociações com Israel.
"Se for provado que foi um ataque terrorista, nós o condenamos totalmente. É hora de reconciliação. Espero que os inimigos da paz sejam detidos."
Em Haifa, o chefe de polícia Dov Shechter disse que o carro, com uma pessoa, explodiu num estacionamento quase vazio, o que indicaria que o homem foi morto enquanto preparava o carro-bomba. Em Tiberíades, havia duas pessoas no carro, que explodiu em movimento.
A polícia israelense foi posta em estado de alerta ontem, sob o temor de que extremistas tentassem realizar novos atentados.

Negociações
Barak e Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina, firmaram uma reformulação do acordo de paz de Wye Plantation no balneário egípcio de Sharm al Sheikh, na presença do presidente do Egito, Hosni Mubarak, da secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, e do rei da Jordânia, Abdullah.
Segundo o combinado, Israel deve retirar suas tropas de 11% da Cisjordânia e libertar 350 prisioneiros palestinos.
O Likud (partido israelense de direita) pediu a suspensão da liberação dos presos e o fim das negociações com os palestinos ontem.
Segundo a agência de notícias palestina "Wafa", Arafat ligou para Barak ontem para examinar a situação após os atentados.
"Se os progressos (na implementação do acordo de paz) não forem tangíveis e rápidos, os inimigos da paz utilizarão esse período para pôr dúvida sobre a realidade e os benefícios da paz. O tempo é um fator decisivo", afirmou Arafat, em discurso na Itália, antes que as tentativas de atentado acontecessem em Israel.
Arafat se reuniu com o papa, que manifestou "satisfação e esperança" no processo de paz.

Próximo Texto: Bombas provam avanço no processo de paz
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.