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DIPLOMACIA
Segundo "Clarín", oferta faria parte de estratégia de alinhamento; treinamento seria perto do Brasil
Argentina quer abrigar tropas dos EUA
ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires
O governo argentino quer que o
Exército dos EUA treine regularmente sua companhia de boinas
verdes em campos militares selváticos próximos à fronteira do
Brasil, na região de Missiones, segundo o jornal de maior circulação no país, o "Clarín", que citou
fontes do Ministério da Defesa.
A oferta argentina faz parte da
estratégia de alinhamento com os
EUA, que tem provocado desgosto à diplomacia brasileira.
Diplomatas brasileiros e analistas argentinos concordam que a
última crise do Mercosul, na qual
o Brasil ameaçou suspender as
negociações dentro do bloco, há
pouco mais de um mês, teve como principal fator o pedido da
Argentina de ser incluída na Otan
(aliança militar ocidental).
A crise estourou na semana em
que a Argentina aprovou uma lei
que permitia sanções comercias
contra o Brasil, mas, para os especialistas, o que irritou os brasileiros foi a vontade argentina de se
unir à aliança sem consultar o seu
principal sócio no Mercosul. A
controvérsia foi solucionada pela
Otan, que negou o pedido.
A proposta de receber tropas estrangeiras foi estendida a outros
países, como a Bélgica. Segundo o
"Clarín", outros países foram incluídos para diminuir o impacto
político da decisão no Brasil.
Desde 97, a Argentina tem se
aproximado dos EUA. Naquele
ano, passou a ser aliada extra-Otan dos EUA, o que lhe dá benefícios na compra de equipamentos militares e treinamento.
Dessa vez, a proposta argentina
aos EUA significa a presença de
boinas verdes no território argentino de maneira regular para treinamento. Os boinas verdes são
uma tropa de elite especializada
no combate de guerrilha.
Os soldados seriam recebidos
nos campos de treinamento do
país que o Exército mantém em
Missiones. Existem quatro campos na região, dos quais dois estão
na fronteira com o Brasil, na altura do Rio Grande do Sul.
Atualmente, os boinas verdes já
fazem exercícios conjuntos com o
Exército argentino a cada dois ou
três anos. Jorge Domínguez, ministro da Defesa, já acertou um
treinamento desse tipo para junho do próximo ano, do qual participarão 2.000 efetivos.
Segundo o jornal argentino, os
EUA teriam interesse na proposta, pois poderiam encaminhar
parte das tropas que serão retiradas do Panamá para treinamento
na América do Sul.
O jornal argentino desvincula a
possível presença dos boinas verdes na Argentina a uma eventual
intervenção na Colômbia, que enfrenta guerrilheiros marxistas. Segundo o "Clarín", apenas a DEA
(agência antinarcotráfico) e outras força policiais podem participar da luta contra o narcotráfico.
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