São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2000

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ARGENTINA
Suspeitos em escândalo ficam Contra crise, De la Rúa muda seus ministros

GUSTAVO CHACRA
DE BUENOS AIRES

A tão esperada mudança no gabinete ministerial do presidente da Argentina, Fernando de la Rúa, finalmente ocorreu, após um mês de especulações. Porém, ao contrário do previsto, os dois funcionários suspeitos de envolvimento no escândalo de corrupção no Senado não foram afastados do governo.
O secretário de Inteligência, Fernando de Santibañes, citado em denúncias como o responsável pelo pagamento de subornos, foi mantido no cargo. Alberto Flamarique, que era ministro do Trabalho e foi acusado de negociar os subornos para a aprovação da reforma trabalhista no Senado, foi remanejado para a Secretária Geral da Presidência, cargo de status similar ao anterior.
A decisão de manter os dois políticos no governo frustrou analistas e recebeu fortes críticas de políticos argentinos.
O vice-presidente, Carlos "Chacho" Alvarez, que apoiava o afastamento de integrantes do governo ligados a suspeitas de envolvimento no escândalo do Senado, não se manifestou sobre as mudanças.
Segundo denúncias, senadores da oposição e da situação teriam repartido cerca de US$ 10 milhões para aprovar a reforma trabalhista, em abril deste ano. Não há, no entanto, provas concretas de que houve o suborno.
Para o Ministério do Trabalho foi designada Patrícia Bullrich, que se destacou por sua atuação como secretária de Política Criminal. Segundo a nova ministra, "a mudança se deveu a um desgaste de Flamarique no posto de ministro Trabalho, mas não no governo". Jorge de la Rúa, irmão do presidente, deixou seu cargo de secretário-geral da Presidência para assumir o Ministério da Justiça, em substituição a Gil Lavedra.
Outra mudança importante foi a incorporação do Ministério da Infra-Estrutura pelo Ministério da Economia. O ministro da Infra-Estrutura, Nicolas Gallo, foi afastado, e José Luis Machinea passou a ser o ministro de Economia, Obras e Infra-Estrutura, novo nome da pasta.
Com a mudança, Machinea já começou a ser chamado de superministro. Gallo, em seu texto de renúncia, disse não haver lógica na eliminação de seu ministério.
O chefe de Gabinete, Rodolfo Terragno, que renunciou no início do dia, abrindo espaço para as mudanças, foi substituído por Christian Colombo.

Reações
O analista político Rosendo Fraga afirmou que as mudanças "não ajudarão a superar a crise política e econômica enquanto os funcionários que estão sob suspeita permanecerem no governo".
A deputada Silvia Vázquez, do partido de De la Rúa, disse: "Ainda não consegui entender o que se quer com essas mudanças". A legisladora questionou particularmente a fusão de ministérios.


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