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RELIGIÃO
Grupo conservador espera ampliar aceitação com a santificação do monsenhor Escrivá; mais de 200 mil devem ir à cerimônia
Papa canoniza hoje fundador do Opus Dei
PHILIP PULLELLA
DA REUTERS, NA CIDADE DO VATICANO
O grupo conservador católico
Opus Dei sente que foi injustamente incompreendido e acha
que começará a ser mais aceito. O
papa João Paulo 2º vai canonizar
hoje seu fundador, o sacerdote espanhol Josemaría Escrivá de Balaguer. Mais de 200 mil membros e
partidários do grupo, cujo nome
significa "obra de Deus", devem ir
à praça São Pedro.
Escrivá morreu em 1975 e foi
beatificado em 1992, um tempo
recorde. Críticos disseram que essa rapidez comprovava o poder
do Opus Dei no Vaticano. Ele foi,
porém, um dos primeiros grupos
a tirar proveito das novas regras
que agilizaram os processos de
beatificação e canonização.
O Opus Dei sempre foi acusado
de ter uma agenda secreta, fundamentalista e perigosa. Parlamentares italianos de esquerda diziam
que o grupo era semelhante a
uma loja maçônica, ou pior, e
queriam a sua proscrição.
O padre Flávio Capucci transformou na grande causa de sua vida o esforço para fazer a igreja reconhecer a santidade de Escrivá.
Ele é um dos cerca de 1.800 sacerdotes do Opus Dei. Os outros 84
mil membros do grupo no mundo são católicos comuns, muitos
deles profissionais liberais.
O grupo já foi acusado com frequência de tentar formar uma
""igreja dentro da igreja", para
promover sua agenda conservadora. ""Até 1982, não tínhamos lugar preciso na estrutura da igreja
e, por isso, despertávamos suspeitas", disse Capucci. Em 1982 o papa transformou o Opus Dei na
primeira prelazia pessoal, uma
posição jurídica única na igreja,
que se distingue daquela de uma
ordem religiosa tradicional.
O jornalista italiano Rodolfo
Brancoli, que acompanha o Opus
Dei há quase 50 anos, disse que
""vem ocorrendo uma mudança
substancial na percepção que se
tem do Opus Dei". Brancoli observou que jornais italianos tradicionalmente de esquerda, como o
""La Repubblica", mudaram de
posição em relação do grupo.
O Opus Dei era acusado de fomentar uma mentalidade carreirista, inspirando uma ""rede de
contatos" cujos integrantes oravam juntos, se divertiam juntos e
ajudavam-se nos negócios.
Kenneth Woodward, editor de
religião da ""Newsweek", segue
criticando. Ele escreveu que ""a riqueza e a influência do Opus Dei
silenciaram a maioria dos adversários do grupo" no Vaticano.
Escrivá, fundador do Opus Dei
na Espanha em 1928, dizia que os
católicos podem ser santos se viverem vidas comuns e buscarem
o sagrado em tudo o que fizerem,
quer sejam banqueiros ou padeiros.
O papa João Paulo 2º demonstra ter o Opus Dei em alta conta.
Seu porta-voz, Joaquín Navarro-Valls, é talvez o mais conhecido
membro do Opus Dei no mundo.
Capucci nega as acusações de
elitismo feitas ao grupo. ""Somos
uma fotocópia da estrutura social
que há em qualquer país. Se você
for à África, encontrará membros
que não são ricos; na América Latina, também." Parte da controvérsia que cerca o grupo se deve
ao fato de que, embora seus membros não sejam padres, alguns assumem votos semelhantes aos deles e se comprometem a abster-se
de relações sexuais e a viver na
humildade e pobreza.
Tradução de Clara Allain
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