São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2006

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Rússia restringe vistos e aumenta asfixia da Geórgia

Kremlin atinge georgianos que trabalham em seu território

Apesar da tensão crescente, deflagrada pela prisão de militares russos acusados de espionagem, uso da força é descartado por Moscou

DO "INDEPENDENT"

A Rússia apertou o cerco econômico à Geórgia, agravando a disputa entre os dois países, mas descartou usar a força contra a ex-república soviética. Em mais um desdobramento da crise, iniciada quando a Geórgia prendeu quatro militares russos, na semana passada, Moscou decidiu ontem restringir a concessão de vistos a georgianos e outros estrangeiros e fechou o cassino de um empresário da Geórgia, entre outras ações repressivas contra cidadãos do país do Cáucaso.
Com os serviços postais e a ligação terrestre, aérea e marítima com a Rússia já cortados, os georgianos agora enfrentam o risco de ter que pagar mais pela energia que consomem, depois que a Gazprom, empresa controlada por Moscou, ameaçou aumentar o preço do gás fornecido à Geórgia.
A restrição aos vistos de trabalho poderá significar um duro golpe à economia da Geórgia. Um quinto da população de 4,4 milhões de pessoas da Geórgia trabalha na Rússia.
Zurab Tchiaberashvili, embaixador da Geórgia no Conselho da Europa, disse temer que a crise desemboque em conflito militar. "Nós temos uma guerra fria no Cáucaso e tememos que ela se transforme em guerra quente, que ameaçaria a paz e a segurança na região".
A afirmação foi rejeitada por Moscou. Questionado sobre a possibilidade de usar as Forças Armadas, Alexander Yakovenko, vice-ministro das Relações Exteriores russo, disse que não era algo em questão. Yakovenko advertiu que Moscou só aliviará a pressão sobre o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, quando Tbilisi mudar sua atitude. "A Rússia não quer ser provocada, a Rússia quer ser respeitada", disse.
Em entrevista à agência de notícias Reuters, Saakashvili disse que as medidas ordenadas pelo Kremlin são parte de uma campanha contra estrangeiros que deflagrou uma onda de xenofobia na Rússia. Para agravar o clima de tensão, os georgianos votaram ontem em eleições municipais consideradas como um teste para o Movimento Nacional de Saakashvili.
O incidente que gerou a crise foi resolvido após Tbilisi libertar os oficiais russos, presos sob acusação de espionagem. Mas a retórica pró-Ocidente e o flerte com a Otan de Saakashvili têm irritado cada vez mais Moscou, que teme a expansão da aliança militar ocidental a uma esfera de influência que considera naturalmente sua. As relações com a Rússia pioraram desde que Saakashvili chegou ao poder, em 2003, após a chamada Revolução Rosa.


Com agências internacionais


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