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EUA
Terror e economia não motivaram eleitor, mas resultado será interpretado como aprovação ou reprovação a Bush nessas áreas
Americano vota de olho em questões locais
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Ao votarem ontem nas eleições
gerais, os americanos não pensaram na guerra ao terror nem no
desempenho na área econômica.
Pesquisas indicam que os eleitores foram às urnas motivados por
questões locais ou pela liderança
pessoal dos candidatos.
Os eleitores definiram os candidatos para 34 das 100 cadeiras do
Senado, todas as 435 na Câmara
dos Representantes (deputados),
milhares de cargos legislativos estaduais e a disputa pelo governo
em 36 dos 50 Estados.
Antes do fechamento das urnas,
as TVs americanas cancelaram a
divulgação das pesquisas de boca-de-urna. O Voter News Service,
consórcio entre as emissoras que
errou projeções nas eleições presidenciais de 2000, decidiu não divulgá-las por considerar sua própria metodologia "não confiável".
Assim, o resultado das disputas
mais acirradas -que definirão o
controle do Congresso- deverá
sair somente hoje. Em pelo menos
oito Estados, as eleições para o Senado estavam empatadas.
A Casa Branca e a oposição prometem usar o resultado das eleições para o debate nacional sobre
os caminhos da política externa
americana e da economia.
"Bush usará uma eventual vitória dos republicanos como um carimbo de aprovação às suas medidas de segurança e à sua política
externa", disse James Thurber, diretor do Centro de Estudos Congressistas e Presidenciais. "Já os
democratas, se ganharem, dirão
que a população reprova o desempenho de Bush na economia.
Os dois estarão errados, mas é assim que funciona a política."
Num país onde menos de 40%
dos eleitores votam em eleições
como a de ontem (na metade do
mandato presidencial), é grande a
diferença entre a motivação dos
eleitores e o significado dado a
seus votos pela classe política.
Os democratas precisam de
mais dez cadeiras para assegurar,
sem a ajuda de nenhum independente, a maioria na Câmara. No
Senado, basta aos republicanos
adicionar um único senador à sua
bancada para retomar o controle.
Bush votou por volta das 8h locais (12h de Brasília) no quartel
dos bombeiros da cidade de
Crawford, no Texas, onde tem um
rancho. Vestia jeans e estava
acompanhado de sua mulher,
Laura. Ele quase implorou aos
americanos que votassem, deu
autógrafos e lembrou que completou ontem 25 anos de casado.
Com o voto, Bush concluiu uma
maratona eleitoral que o levou a
cerca de 70 eventos para arrecadar fundos para republicanos.
Sozinho, o presidente levantou
US$ 140 milhões, um volume inédito para presidentes em eleições
em que a Casa Branca não está em
jogo. Bush também viajou a 16 Estados durante cinco dias, participando de comícios em que usou
sua popularidade de 60% e o desempenho da guerra contra o terror para convencer os eleitores.
"Não houve um tema nacional
que tenha monopolizado os debates, como o impeachment em
1998", disse Thurber, referindo-se
ao fracassado processo para afastar o presidente Bill Clinton.
Um dos poucos Estados afetados pelo jogo de poder nacional
foi a Flórida. O governador Jeb
Bush tentava reeleger-se dois
anos depois de ter ajudado seu irmão George a conquistar a Casa
Branca, rejeitando pedido dos democratas para recontar milhares
de votos parcialmente perfurados
por máquinas de votação antiquadas. Com 25% dos votos apurados, ele tinha 59% dos votos. O
democrata Bill McBride, que é
apoiado por Clinton, tinha 40%.
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