São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GUERRA SEM LIMITES

"É bom que eles estejam fora de combate", diz o secretário americano sobre o ataque atribuído à CIA

Rumsfeld festeja a morte de terroristas no Iêmen

DA REDAÇÃO

O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, festejou o ataque com um míssil que matou seis supostos membros da rede terrorista Al Qaeda, domingo, no Iêmen. "É muito bom que eles estejam fora de combate."
Os seis morreram, segundo autoridades americanas, em disparo de míssil planejado pela CIA e feito por um avião Predator (não-tripulado, guiado via satélite) contra o carro em que viajavam no interior do país.
Um dos mortos seria Ali Qaed Sinan al-Harthi, conhecido como Abu Ali, que ocupava alto posto na Al Qaeda. Ele é acusado de participação no ataque ao USS Cole, em 2000, que matou 17 marinheiros americanos. Segundo o Iêmen, Abu Ali também teria tentado atacar instalações petrolíferas no território iemeninta.
Mesmo sem admitir explicitamente a responsabilidade pela ação, o governo americano tentou justificar a ação no Iêmen, semelhante aos ataques "seletivos" de Israel contra integrantes de grupos extremistas palestinos -que Washington condena.
O porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, disse que a regra "deve ser aplicada algumas vezes, mas em outras não". "Depende das circunstâncias. Não dá para comparar a situação no conflito israelo-palestino, onde uma ação dessas prejudica os progressos em direção à paz, com o que aconteceu no Iêmen."
Boucher acrescentou que a posição americana em relação às ações israelenses não foi alterada.
Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca, disse que as duas guerras são diferentes e "acontecem em campos de batalha distintos".
De acordo com Rumsfeld, as relações entre os EUA e o Iêmen têm sido positivas. O secretário da Defesa americano ressaltou que o presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, visitou Washington e concordou em cooperar na guerra contra o terrorismo.
O Iêmen afirma já ter detido 85 membros da Al Qaeda. Desde 2000, quando houve o atentado contra o USS Cole, as forças militares iemenitas têm recebido treinamento e ajuda militar dos EUA.
Os americanos instalaram sistema de vigilância via satélite para monitorar aeroportos e portos no país após o ataque terrorista. "Nós temos algumas pessoas no país que estão trabalhando com o governo iemenita para ajudá-lo", disse Rumsfeld. O secretário da Defesa acrescentou que os dois países têm trocado informações.

Próprias forças
O Iêmen, um dos países mais pobres do mundo árabe, luta para alterar sua imagem externa de paraíso de militantes extremistas.
Ontem governo iemenita afirmou que a população deve cooperar com as forças de segurança no combate aos responsáveis por "atividades terroristas que têm como alvo o Iêmen, nosso povo e nossa economia", fazendo referência à Al Qaeda, de acordo com a agência de notícias oficial Saba.
O Iêmen afirmou que encontrou traços de explosivos, armas e equipamentos de comunicação no carro atingido pelo míssil.
Os membros da Al Qaeda, liderada pelo saudita Osama bin Laden, cuja família tem origem iemenita, seriam protegidos por clãs que dominam áreas tribais de difícil acesso no interior do território iemenita, de acordo com autoridades americanas.


Com agências internacionais



Texto Anterior: Voto Eletrônico: Urna americana usa tecnologia brasileira
Próximo Texto: Oriente Médio: Sharon antecipa as eleições em Israel
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.