São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Após perder maioria parlamentar, premiê convoca pleito para o início de 2003; Netanyahu aceita cargo de chanceler

Sharon antecipa as eleições em Israel

DA REDAÇÃO

O premiê israelense, Ariel Sharon, convocou ontem eleições gerais antecipadas no país. A medida foi tomada em resposta a uma crise política causada pelo fim, na semana passada, da coalizão de união nacional entre os partidos Likud (centro-direita) e Trabalhista (centro-esquerda).
Segundo a legislação de Israel, quando não consegue o apoio da maioria no Parlamento, o chefe de governo pode chamar eleições dentro de um prazo de 90 dias.
Um porta-voz de Sharon afirmou que o novo pleito deve acontecer em 28 de janeiro, embora muitos defendam a sua realização em 4 de fevereiro. A data oficial deve ser confirmada hoje por uma comissão parlamentar.
O período de incertezas sobre o futuro governo deve congelar por pelo menos mais quatro meses qualquer iniciativa diplomática para solucionar o conflito israelo-palestino, iniciado em setembro de 2000 e responsável pelo fortalecimento da direita em Israel. Os EUA disseram que continuarão a promover negociações diplomática entre as duas partes, mesmo durante o processo eleitoral.
Sharon afirmou ter feito a "opção menos pior". Segundo ele, agora não é um bom momento para eleições, em razão da Intifada (levante palestino) e da possibilidade de um ataque dos EUA contra o Iraque.
O premiê disse que não estava disposto a fazer concessões à direita extremista para conseguir maioria parlamentar e governar até o final de seu mandato (outubro de 2003). "Eleições são a última coisa que o país precisa agora", observou. Mas "a chantagem política da extrema direita não me deixou outra opção", disse.
Sem os 25 votos trabalhistas -que deixaram o governo alegando ser contra a inclusão no Orçamento de cerca de US$ 145 milhões para a expansão de assentamentos judaicos nos territórios ocupados palestinos-, Sharon conta hoje com o apoio de apenas 55 dos 120 deputados.
Após o anúncio das eleições, o ex-premiê Binyamin "Bibi" Netanyahu aceitou o convite feito a ele por Sharon para ocupar o posto de ministro das Relações Exteriores, deixado vago com a renúncia do trabalhista Shimon Peres.
"Bibi" é o maior rival de Sharon na disputa interna pela liderança do Likud. Aquele que sair vitorioso das primárias do partido -Sharon quer que elas ocorram em 25 de novembro; Netanyahu tenta adiá-la para ter tempo de fortalecer sua posição- provavelmente será o premiê em 2003, dado o favoritismo do Likud.
A última eleição geral em Israel ocorreu em 1999, quando os trabalhistas, com uma plataforma centrada no processo de paz, conquistaram a maior bancada parlamentar (25) e o posto de premiê (Ehud Barak). Em fevereiro de 2001, após a violência do levante palestino ter enterrado as esperanças no processo de paz da maioria da população, Barak foi derrotado por Sharon num pleito apenas para premiê.
Líderes políticos palestinos disseram ontem esperar que o eleitorado israelense escolha dirigentes dispostos a um diálogo de paz, embora compartilhem o pessimismo do resto do mundo árabe. Amr Moussa, secretário-geral da Liga Árabe, declarou: "Eu não vejo nenhuma luz no fim do túnel". Para ele, nada mudará após uma provável vitória da direita na eleição israelense.
Em novo enfrentamento na faixa de Gaza ontem, tropas israelense mataram dois palestinos em Rafah. O Exército disse que ambos estavam armados.


Com agências internacionais


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