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ORIENTE MÉDIO
Após perder maioria parlamentar, premiê convoca pleito para o início de 2003; Netanyahu aceita cargo de chanceler
Sharon antecipa as eleições em Israel
DA REDAÇÃO
O premiê israelense, Ariel Sharon, convocou ontem eleições gerais antecipadas no país. A medida foi tomada em resposta a uma
crise política causada pelo fim, na
semana passada, da coalizão de
união nacional entre os partidos
Likud (centro-direita) e Trabalhista (centro-esquerda).
Segundo a legislação de Israel,
quando não consegue o apoio da
maioria no Parlamento, o chefe
de governo pode chamar eleições
dentro de um prazo de 90 dias.
Um porta-voz de Sharon afirmou que o novo pleito deve acontecer em 28 de janeiro, embora
muitos defendam a sua realização
em 4 de fevereiro. A data oficial
deve ser confirmada hoje por
uma comissão parlamentar.
O período de incertezas sobre o
futuro governo deve congelar por
pelo menos mais quatro meses
qualquer iniciativa diplomática
para solucionar o conflito israelo-palestino, iniciado em setembro
de 2000 e responsável pelo fortalecimento da direita em Israel. Os
EUA disseram que continuarão a
promover negociações diplomática entre as duas partes, mesmo
durante o processo eleitoral.
Sharon afirmou ter feito a "opção menos pior". Segundo ele,
agora não é um bom momento
para eleições, em razão da Intifada (levante palestino) e da possibilidade de um ataque dos EUA
contra o Iraque.
O premiê disse que não estava
disposto a fazer concessões à direita extremista para conseguir
maioria parlamentar e governar
até o final de seu mandato (outubro de 2003). "Eleições são a última coisa que o país precisa agora", observou. Mas "a chantagem
política da extrema direita não me
deixou outra opção", disse.
Sem os 25 votos trabalhistas
-que deixaram o governo alegando ser contra a inclusão no
Orçamento de cerca de US$ 145
milhões para a expansão de assentamentos judaicos nos territórios ocupados palestinos-, Sharon conta hoje com o apoio de
apenas 55 dos 120 deputados.
Após o anúncio das eleições, o
ex-premiê Binyamin "Bibi" Netanyahu aceitou o convite feito a
ele por Sharon para ocupar o posto de ministro das Relações Exteriores, deixado vago com a renúncia do trabalhista Shimon Peres.
"Bibi" é o maior rival de Sharon
na disputa interna pela liderança
do Likud. Aquele que sair vitorioso das primárias do partido
-Sharon quer que elas ocorram
em 25 de novembro; Netanyahu
tenta adiá-la para ter tempo de
fortalecer sua posição- provavelmente será o premiê em 2003,
dado o favoritismo do Likud.
A última eleição geral em Israel
ocorreu em 1999, quando os trabalhistas, com uma plataforma
centrada no processo de paz, conquistaram a maior bancada parlamentar (25) e o posto de premiê
(Ehud Barak). Em fevereiro de
2001, após a violência do levante
palestino ter enterrado as esperanças no processo de paz da
maioria da população, Barak foi
derrotado por Sharon num pleito
apenas para premiê.
Líderes políticos palestinos disseram ontem esperar que o eleitorado israelense escolha dirigentes
dispostos a um diálogo de paz,
embora compartilhem o pessimismo do resto do mundo árabe.
Amr Moussa, secretário-geral da
Liga Árabe, declarou: "Eu não vejo nenhuma luz no fim do túnel".
Para ele, nada mudará após uma
provável vitória da direita na eleição israelense.
Em novo enfrentamento na faixa de Gaza ontem, tropas israelense mataram dois palestinos em
Rafah. O Exército disse que ambos estavam armados.
Com agências internacionais
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