São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2008

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Democratas aumentam seu domínio no Congresso

Ao ampliar suas maiorias no Senado e na Câmara, partido de Obama sela derrota republicana

É a primeira vez desde 1992 que democratas conseguem ocupar ao mesmo tempo a Casa Branca e o controle das duas Casas legislativas


DO ENVIADO A WASHINGTON

Além de conquistar a Casa Branca, o Partido Democrata, de Barack Obama, foi também o grande vitorioso nas eleições legislativas americanas e ampliou consideravelmente sua força na Câmara dos Representantes e no Senado.
Embalado por uma onda anti-republicana provocada pela grande impopularidade do presidente George W. Bush e pelo carisma de Obama, os democratas tiveram a sua melhor eleição legislativa em mais de uma década e meia. Foi a primeira vez desde 1992, na eleição do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), que o partido levou as duas Casas no Congresso e a Casa Branca.
Com alguns Estados ainda contando seus votos ontem, os democratas poderiam ampliar em cerca de 20 cadeiras sua liderança na Câmara. Até o fechamento desta edição, eles haviam conquistado 255 vagas na Câmara, contra 174 dos republicanos, faltando sete a definir.
No Senado, o placar estava em 56 a 41. Os democratas já reforçaram sua liderança com vitórias confirmadas em cinco Estados: Virgínia, Carolina do Norte, Novo México, New Hampshire e Colorado.
Em Minnesota, a disputa entre o republicano Norm Coleman e o democrata Al Franken só será conhecida após a recontagem total dos votos, já que a diferença pró-Coleman ficou em apenas 570 votos em um total de mais de 3 milhões.
Os democratas também entraram em vantagem na corrida deste ano pelo Senado. Tinham a defender apenas 12 cadeiras postas em jogo, contra 23 entre os republicanos.
Os democratas precisavam vencer nos quatro Estados que ainda não haviam terminado a contagem de votos para conseguir uma maioria de 60 cadeiras, de um total de 100.
Qualquer partido com menos de 60 senadores nos EUA está sujeito a obstruções regimentais dos adversários. A prática é conhecida como "filibuster".
Mesmo que não obtenham a maioria de 60 senadores, os democratas estão contando angariar o apoio de parlamentares mais moderados do partido adversário para levar adiante a sua agenda legislativa.
Ontem, o líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, parabenizou Obama pela vitória e deu indicações de que pode apoiar seu governo em pontos de interesse comum. "As lideranças republicanas estão prontas para ouvir suas idéias sobre impostos, energia, redução de gastos e da dívida federal. Nesses e em outros temas, ele (Obama) encontrará apoio no Senado."
Os democratas controlam a Câmara dos Representantes e o Senado há dois anos, quando obtiveram a maioria durante as eleições legislativas. Mas os republicanos conseguem sistematicamente bloquear projetos seus, especialmente os relacionados à retirada das tropas do Iraque e aos setores de energia e gastos com saúde.
Recentemente, os democratas aventaram a possibilidade de aprovar um pacote de estímulo à economia como forma de ajudar as famílias mais afetadas pela crise econômica, mas abandonaram o projeto temendo ser derrotados mais à frente pela ação republicana.
Desde que assumiram o controle do Senado em 2006, os democratas têm tido pouco espaço de ação, trabalhando com maioria de 51 a 49 graças a dois senadores independentes, Joe Lieberman, de Connecticut, e Bernard Sanders, de Vermont.

"Nova direção"
"O povo americano apontou para uma nova direção nestas eleições. Uma parcela importante dessas mudanças deverá ser conquistada a partir de parcerias partidárias, da civilidade com que vamos tratar nossas discussões e da responsabilidade em termos fiscais com que vamos imprimir as leis", disse ontem a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi.
Em entrevista no Capitólio, sede do Legislativo, Pelosi disse que há uma "coincidência de prioridades" entre a o presidente eleito e os democratas no Congresso. "Os desafios são os mesmos. Fazer a economia voltar a crescer, a educação de nossas crianças, a saúde de nosso povo e o fim da dependência no petróleo importado e da Guerra do Iraque", afirmou.
(FERNANDO CANZIAN)


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