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Democratas aumentam seu domínio no Congresso
Ao ampliar suas maiorias no Senado e na Câmara, partido de Obama sela derrota republicana
É a primeira vez desde 1992 que democratas conseguem ocupar ao mesmo tempo a Casa Branca e o controle das duas Casas legislativas
DO ENVIADO A WASHINGTON
Além de conquistar a Casa
Branca, o Partido Democrata,
de Barack Obama, foi também
o grande vitorioso nas eleições
legislativas americanas e ampliou consideravelmente sua
força na Câmara dos Representantes e no Senado.
Embalado por uma onda anti-republicana provocada pela
grande impopularidade do presidente George W. Bush e pelo
carisma de Obama, os democratas tiveram a sua melhor
eleição legislativa em mais de
uma década e meia. Foi a primeira vez desde 1992, na eleição do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), que o partido
levou as duas Casas no Congresso e a Casa Branca.
Com alguns Estados ainda
contando seus votos ontem, os
democratas poderiam ampliar
em cerca de 20 cadeiras sua liderança na Câmara. Até o fechamento desta edição, eles haviam conquistado 255 vagas na
Câmara, contra 174 dos republicanos, faltando sete a definir.
No Senado, o placar estava
em 56 a 41. Os democratas já reforçaram sua liderança com vitórias confirmadas em cinco
Estados: Virgínia, Carolina do
Norte, Novo México, New
Hampshire e Colorado.
Em Minnesota, a disputa entre o republicano Norm Coleman e o democrata Al Franken
só será conhecida após a recontagem total dos votos, já que a
diferença pró-Coleman ficou
em apenas 570 votos em um total de mais de 3 milhões.
Os democratas também entraram em vantagem na corrida deste ano pelo Senado. Tinham a defender apenas 12 cadeiras postas em jogo, contra
23 entre os republicanos.
Os democratas precisavam
vencer nos quatro Estados que
ainda não haviam terminado a
contagem de votos para conseguir uma maioria de 60 cadeiras, de um total de 100.
Qualquer partido com menos
de 60 senadores nos EUA está
sujeito a obstruções regimentais dos adversários. A prática é
conhecida como "filibuster".
Mesmo que não obtenham a
maioria de 60 senadores, os democratas estão contando angariar o apoio de parlamentares
mais moderados do partido adversário para levar adiante a
sua agenda legislativa.
Ontem, o líder da minoria republicana no Senado, Mitch
McConnell, parabenizou Obama pela vitória e deu indicações
de que pode apoiar seu governo
em pontos de interesse comum. "As lideranças republicanas estão prontas para ouvir
suas idéias sobre impostos,
energia, redução de gastos e da
dívida federal. Nesses e em outros temas, ele (Obama) encontrará apoio no Senado."
Os democratas controlam a
Câmara dos Representantes e o
Senado há dois anos, quando
obtiveram a maioria durante as
eleições legislativas. Mas os republicanos conseguem sistematicamente bloquear projetos seus, especialmente os relacionados à retirada das tropas
do Iraque e aos setores de energia e gastos com saúde.
Recentemente, os democratas aventaram a possibilidade
de aprovar um pacote de estímulo à economia como forma
de ajudar as famílias mais afetadas pela crise econômica,
mas abandonaram o projeto temendo ser derrotados mais à
frente pela ação republicana.
Desde que assumiram o controle do Senado em 2006, os
democratas têm tido pouco espaço de ação, trabalhando com
maioria de 51 a 49 graças a dois
senadores independentes, Joe
Lieberman, de Connecticut, e
Bernard Sanders, de Vermont.
"Nova direção"
"O povo americano apontou
para uma nova direção nestas
eleições. Uma parcela importante dessas mudanças deverá
ser conquistada a partir de parcerias partidárias, da civilidade
com que vamos tratar nossas
discussões e da responsabilidade em termos fiscais com que
vamos imprimir as leis", disse
ontem a presidente da Câmara,
a democrata Nancy Pelosi.
Em entrevista no Capitólio,
sede do Legislativo, Pelosi disse
que há uma "coincidência de
prioridades" entre a o presidente eleito e os democratas no
Congresso. "Os desafios são os
mesmos. Fazer a economia voltar a crescer, a educação de
nossas crianças, a saúde de nosso povo e o fim da dependência
no petróleo importado e da
Guerra do Iraque", afirmou.
(FERNANDO CANZIAN)
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