São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2008

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Latinos festejam a vitória de Obama e pedem "novas relações" com continente

THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

A "onda" Barack Obama atingiu em cheio a América Latina, região em que vários presidentes procuravam afastamento da gestão George W. Bush.
Do México à Argentina, o que se ouviu ontem dos mandatários da região foram odes ao "triunfo histórico" do democrata e pedidos de "novas relações" no continente.
Mesmo entre governos de verve à esquerda,como os de Venezuela, Equador e Bolívia, sobressaíram cortejos ao futuro presidente e prognósticos de reaproximação.
O venezuelano Hugo Chávez, por exemplo, relacionou a "eleição histórica de um afrodescendente para a cabeça da nação mais poderosa do mundo" a um "sintoma de que a mudança de época que nasceu a partir do sul da América poderia estar batendo nas portas dos EUA". E anunciou: "Chegou a hora de estabelecer novas relações entre nossos países".
O presidente Evo Morales, da Bolívia, expulsou nesta semana a agência antidrogas americana do país, mas se alinhou ao negro Obama como "setor marginalizado" da sociedade e disse "estar certo" da melhora no trato bilateral.
O parabéns a Obama da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, ignorou a saia justa que enfrenta após a Justiça dos EUA ter concluído nesta semana que sua campanha recebeu aportes ilegais de Chávez. Ela classificou a eleição de Obama como "uma das epopéias mais apaixonantes da história".

Uribe e o TLC
Do outro lado do espectro político, como no caso do governo direitista de Álvaro Uribe, na Colômbia, o tom foi de súplica pela manutenção do apoio americano no combate às Farc. "Uma política que tem esse tipo de êxito tem que ser considerada para não ser abandonada", disse Uribe.
Obama evidenciou reservas ao colombiano durante a campanha, e o Tratado de Livre Comércio entre os países está travado no Congresso dos EUA pelos democratas.
O conservador Felipe Calderón, presidente de México, saudou Obama pela vitória e o instou a abrir "uma nova etapa de progresso" na relação entre vizinhos. Há ansiedade mexicana em torno de promessas do democrata de renegociar o Nafta (acordo tripartite que inclui o Canadá) para incluir proteções trabalhistas e ambientais.
O secretário da OEA,(Organização dos Estados Americanos), o chileno José Miguel Insulza, cobrou do presidente eleito dos EUA disposição para deixar de lado "discursos muito gerais" sobre a América Latina, rumo à resolução de "temas concretos" da região -questões migratória, energética, comercial e de cooperação.
No campo político, a eleição de Obama aponta para avanços nos temas mais sensíveis para a região, afirmou o argentino Juan Gabriel Tokatlián, diretor de relações internacionais da Universidade de San Andrés: "O triunfo de Obama na Flórida e o controle democrata do Congresso poderiam terminar com o embargo econômico de quase 50 anos a Cuba".


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