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foco
Quênia comemora eleição de "filho" à Casa Branca e decreta feriado nacional
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
As grandes cidades do Quênia e, em especial, o vilarejo
de Kogelo, no oeste do país,
amanheceram em festa ontem com a confirmação de
que "um de seus filhos" havia
vencido as eleições nos EUA.
Para celebrar a vitória de Barack Obama, as ruas foram tomadas por grupos que desfilavam com ramos de árvores
nas mãos -forma tradicional
de comemoração no país-,
dança e música. O presidente
Mwai Kibaki decretou feriado nacional hoje.
Na capa do principal jornal,
o sobrenome do presidente
eleito dos EUA estava em letras garrafais. O destaque explica o orgulho da nação com
o resultado de eleições tão
distantes: Obama é um sobrenome tradicional da região
oeste. Um nome queniano.
Barack Obama é filho de
um queniano -que mal conheceu, pois o pai deixou a
mãe pouco após seu nascimento e morreu em um acidente de carro nos anos 80.
Visitou duas vezes o país. Na
última, em 2006, levou mulher e filhas para conhecerem
sua avó Sarah Obama, 86.
E foi o vilarejo onde Mama
Sarah mora que concentrou a
festa pela vitória. Em Kogelo,
familiares do presidente eleito vestiram suas melhores
roupas e passaram o dia celebrando o "feito" dos Obama.
No local, foram montadas
tendas e infra-estrutura para
assistir à apuração dos votos.
Em frente a uma pequena televisão movida a bateria, parentes e vizinhos dançavam,
batiam palmas e cantavam.
Mama Sarah quebrou o silêncio recente e falou a repórteres temer "morrer de alegria" ao ver de novo o neto como presidente dos EUA.
Em Kibera, a maior favela
da África, a festa teve cunho
político. Cartazes de Obama
foram colocados lado alado
com os do premiê Raila Odinga, candidato derrotado nas
eleições de dezembro passado à Presidência. Odinga é da
etnia Luo, a mesma de que os
Obama fazem parte. A favela
é um reduto seu. Pôsteres
lembravam os "laços de sangue" de Obama com o país.
A alegria de ter "um dos
seus", como dizem, à frente
da maior economia do mundo
enche os quenianos de esperança. Mama Sarah, afirmando que o neto deve governar
para os americanos em primeiro lugar, só quer sua tranqüilidade de volta. Em janeiro, quando recebeu a Folha
em sua casa -a propriedade
ainda não era cercada-, a octagenária disse que não deixaria o Quênia, mas gostaria
de ir à posse do neto. Agora,
ela espera apenas o convite.
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