São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2008

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Quênia comemora eleição de "filho" à Casa Branca e decreta feriado nacional

ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

As grandes cidades do Quênia e, em especial, o vilarejo de Kogelo, no oeste do país, amanheceram em festa ontem com a confirmação de que "um de seus filhos" havia vencido as eleições nos EUA. Para celebrar a vitória de Barack Obama, as ruas foram tomadas por grupos que desfilavam com ramos de árvores nas mãos -forma tradicional de comemoração no país-, dança e música. O presidente Mwai Kibaki decretou feriado nacional hoje.
Na capa do principal jornal, o sobrenome do presidente eleito dos EUA estava em letras garrafais. O destaque explica o orgulho da nação com o resultado de eleições tão distantes: Obama é um sobrenome tradicional da região oeste. Um nome queniano.
Barack Obama é filho de um queniano -que mal conheceu, pois o pai deixou a mãe pouco após seu nascimento e morreu em um acidente de carro nos anos 80. Visitou duas vezes o país. Na última, em 2006, levou mulher e filhas para conhecerem sua avó Sarah Obama, 86.
E foi o vilarejo onde Mama Sarah mora que concentrou a festa pela vitória. Em Kogelo, familiares do presidente eleito vestiram suas melhores roupas e passaram o dia celebrando o "feito" dos Obama.
No local, foram montadas tendas e infra-estrutura para assistir à apuração dos votos. Em frente a uma pequena televisão movida a bateria, parentes e vizinhos dançavam, batiam palmas e cantavam.
Mama Sarah quebrou o silêncio recente e falou a repórteres temer "morrer de alegria" ao ver de novo o neto como presidente dos EUA.
Em Kibera, a maior favela da África, a festa teve cunho político. Cartazes de Obama foram colocados lado alado com os do premiê Raila Odinga, candidato derrotado nas eleições de dezembro passado à Presidência. Odinga é da etnia Luo, a mesma de que os Obama fazem parte. A favela é um reduto seu. Pôsteres lembravam os "laços de sangue" de Obama com o país.
A alegria de ter "um dos seus", como dizem, à frente da maior economia do mundo enche os quenianos de esperança. Mama Sarah, afirmando que o neto deve governar para os americanos em primeiro lugar, só quer sua tranqüilidade de volta. Em janeiro, quando recebeu a Folha em sua casa -a propriedade ainda não era cercada-, a octagenária disse que não deixaria o Quênia, mas gostaria de ir à posse do neto. Agora, ela espera apenas o convite.


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